quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
O Cérebro do Psicopata
A maioria das pessoas é incapaz de entender como uma personalidade antisocial e criminosa, tal como a de um "serial killer" (assassino serial), é possível, em um ser humano como nós.Não são apenas os assassinos seriais, mas uma grande proporção de criminosos violentos em nossa sociedade (em torno de 25% dos prisioneiros) mostram muitas características do que a psiquiatria chama de "sociopatia", um termo melhor e mais preciso do que psicopatia.
Os sociopatas são caracterizados pelo desprezo pelas obrigações sociais e por uma falta de consideração com os sentimentos dos outros. Eles exibem egocentrismo patológico, emoções superficiais, falta de auto-percepção, pobre controle da impulsividade (incluindo baixa tolerância para frustração e limiar baixo para descarga de agressão), irresponsabilidade, falta de empatia com outros seres humanos e ausência de remorso, ansiedade e sentimento de culpa em relação ao seu comportamento anti-social. Eles são geralmente cínicos, manipuladores, incapazes de manter uma relação e de amar. Eles mentem sem qualquer vergonha, roubam, abusam, trapaceiam, negligenciam suas famílias e parentes, e colocam em risco suas vidas e a de outras pessoas. O pesquisador canadense Robert Hare, um dos maiores especialistas do mundo em sociopatia criminosa, os caracteriza como "predadores intra-espécies que usam charme, manipulação, intimidação e violência para controlar os outros e para satisfazer suas próprias necessidades. Em sua falta de consciência e de sentimento pelos outros, eles tomam friamente aquilo que querem, violando as normas sociais sem o menor senso de culpa ou arrependimento."
Os sociopatas são incapazes de aprender com a punição, e de modificar seus comportamentos. Quando eles descobrem que seu comportamento não é tolerado pela sociedade, eles reagem escondendo-o, mas nunca o suprimindo, e disfarçando de forma inteligente as suas características de personalidade. Por isso, os psiquiatras usaram no passado o termo "insanidade moral" ou "insanité sans délire" para caracterizar esta psicopatologia.
A sociopatia é reconhecida precocemente em um indivíduo: ela começa na infância ou adolescência e continua na vida adulta (o diagnóstico é possível em torno de 15 a 16 anos). Crianças sociopatas manifestam tendências e comportamentos que são altamente indicativos de seu distúrbio. Por exemplo, eles são aparentemente imunes a punição dos pais, e não são afetados pela dor. Nada funciona para alterar seu comportamento indesejável, e consequentemente os pais geralmente desistem, o que faz a situação piorar. Os sociopatas violentos mostram uma história de torturar pequenos animais quando eles eram crianças e também vandalismo, mentiras sistemáticas, roubo, agressão aos colegas da escola e desafio à autoridade dos pais e professores.
No entanto, apenas uma pequena fração dos sociopatas se desenvolve em criminosos violentos, estrupradores e assassinos seriais. Em casos mais severos, a doença pode evoluir para canibalismo e rituais sádicos de tortura e morte, frequentemente de natureza bizarra. Há um amplo consenso que estas formas extremas de sociopatia violenta são intratáveis e que seus portadores devem ser confinados em celas especiais para criminosos insanos por toda a vida.Um sociopata típico deste tipo foi retratado por Dr. Hannibal "O Canibal" Lecter no filme e livro "O Silêncio dos Inocentes".
Os próprios sociopatas se descrevem como "predadores" e geralmente são orgulhosos disto. Eles não têm o tipo mais comum de comportamento agressivo, que é o da violência acompanhada de descarga emocional (geralmente raiva ou medo) e nem ativação do sistema nervoso simpático (dilatação das pupilas, aumento dos batimentos cardíacos e respiração, descarga de adrenalina, etc). Seu tipo de violência é similar à agressão predatória, que é acompanhada por excitação simpática mínima ou por falta dela, e é planejado, proposital, e sem emoção ("a sangue-frio"). Isto está correlacionado com um senso de superioridade, de que eles podem exercer poder e domínio irrestrito sobre outros, ignorar suas necessidades e justificar o uso do que quer que eles sintam para alcancar seus ideais e evitar consequências adversas para seus atos. Por exemplo, em Justine, o personagem que incorpora o Marquês de Sade diz que tudo é justificado quando o objetivo é a gratificação de seus sentidos, e que a ele é permitido usar outros seres humanos da forma como ele desejar para aquele propósito.
O fato dos sociopatas possuirem pouca empatia para o sofrimento dos outros tem sido demonstrado experimentalmente em muitos estudos, os quais têm mostrado que eles exibem um processamento anormal de aspectos emocionais da linguagem, e que geralmente eles possuem resposta fisiológica fraca (no sistema nervoso autônomo) a imagens, palavras e situações de alto conteúdo emocional. Como acontece com os predadores, os sociopatas são capazes de uma atenção extremamente alta em certas situações.
O distúrbio sociopático também está altamente associado com a incidência de abuso de drogas e alcoolismo. De fato, esta associação piora os aspectos do comportamento sociopático, assim considera-se que eles são mutuamente reforçadores.
Sociopatas violentos ocasionam um alto preço para a sociedade humana. Nos EUA, mais da metade dos policiais mortos por criminosos eram vítimas de sociopatas. O DPA é comum entre dependentes de drogas, mulheres e crianças, gangsters, terroristas, sádicos, torturadores, etc. Além disso, "os psicopatas são aproximadamente três vezes mais propensos a recidivar - ou quatro vezes mais propensos a recidivar violentamente do que os não sociopatas", de acordo com um estudo recente. Citando novamente o Dr Robert Hare: "É enorme o sofrimento social, econômico e pessoal causado por algumas pessoas cujas atitudes e comportamento resultam menos das forças sociais do que de um senso inerente de autoridade e uma incapacidade para conexão emocional do que o resto da humanidade. Para estes indivíduos - os psicopatas - as regras sociais não são uma força limitante, e a idéia de um bem comum é meramente uma abstração confusa e inconveniente".
Além disso, sob situações de stress, tais como em guerras, pobreza geral e quebra da economia, surtos epidêmicos ou brigas políticas, etc., os sociopatas podem adquirir o status de líderes regionais ou nacionais e sábios, tais como Adolf Hitler, Stalin, Saddam Hussein, Idi Amin, etc. Quando eles alcançam posições de poder, eles podem causar mais danos do que como indivíduos.
Qual é a causa da sociopatia? Como o cérebro está envolvido? Como isto pode ser prevenido e tratado?
Estas são questões importantes para a humanidade, para a lei e medicina. A curva ascendente da violência sem sentido, frequentemente por pessoas jovens (a medida que o tempo passa, mais e mais jovens...), impõe um senso de urgência em obter respostas para elas.
Postado por Rejane Cardoso às 08:08 0 comentários
Cientistas identificam áreas do cérebro ligadas à fé religiosa
Ao pensar em Deus, pessoas usam regiões ligadas à interação com outros.
Resultados indicam que não há 'órgão divino' único na mente humana.
A ciência provavelmente não é capaz de provar se Deus existe ou não existe, mas a fé religiosa, pelo visto, é bem real -- ao menos em seus efeitos sobre o cérebro. Pesquisadores americanos estudaram o órgão em ação e conseguiram mapear as regiões cerebrais que entram em atividade quando alguém pensa em Deus, no conteúdo de uma determinada doutrina religiosa ou nas cerimônias ligadas à sua fé.
A pesquisa, coordenada por Jordan Grafman, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, está na edição desta semana da revista científica "PNAS". A primeira conclusão da equipe é que não existe nenhum "órgão divino" especializado no cérebro. Para processar informações, sensações e emoções ligadas à religião e à crença em Deus, as pessoas utilizam regiões do cérebro que também servem para outras funções do dia-a-dia mental.
Isso vale, por exemplo, para quando os voluntários tinham de imaginar Deus relativamente distante do mundo e das pessoas, sem se envolver com os assuntos terrenos; Deus enraivecido e Deus amoroso. Em todas essas situações, as áreas do cérebro que ficaram ativas, de acordo com exames de ressonância magnética, tinham a ver com a chamada Teoria da Mente. A Teoria da Mente é uma propriedade mental humana que tem a ver com a detecção de emoções e intenções em outras pessoas ou seres. É a capacidade que você usa para imaginar por que um amigo ou um parente ficou bravo com você por algum motivo, por exemplo. Nesse caso, os voluntários estão pensando num agente sobrenatural (Deus) como se ele tivesse uma mente como a de outros seres humanos.
Da mesma forma, áreas cerebrais tipicamente associadas com o raciocínio abstrato, a memória e a fala "acenderam" quando as pessoas tinham de pensar em dogmas de sua religião, enquanto regiões associadas com o processamento sensorial ficavam ativas quando a pessoa tinha de pensar em rituais religiosos. Assim, para o cérebro, decorar informações sobre a Santíssima Trindade não seria muito diferente de aprender uma equação matemática, e assistir a uma missa seria parecido com ir ao teatro, por exemplo.
Os pesquisadores ressaltam que a pesquisa foi feita exclusivamente com cristãos ocidentais. A religiosidade de pessoas de outras partes do mundo pode envolver aspectos cognitivos diferentes.
Postado por Rejane Cardoso às 07:55 0 comentários