quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

DNA


O ácido desoxirribonucleico (ADN, em português: ácido desoxirribonucleico; ou DNA, em inglês: deoxyribonucleic acid), é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e alguns vírus. O seu principal papel é armazenar as informações necessárias para a construção das proteínas e ARNs. Os segmentos de ADN que são responsáveis por carregar a informação genética são denominados genes. O restante da seqüência de ADN tem importância estrutural ou está envolvido na regulação do uso da informação genética.

A estrutura da molécula de ADN foi descoberta conjuntamente pelo estadunidense James Watson e pelo britânico Francis Crick em 7 de Março de 1953, o que lhes valeu o Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina em 1962, juntamente com Maurice Wilkins.

Do ponto de vista químico, o ADN é um longo polímero de unidades simples (monômeros) de nucleotídeos, cujo cerne é formado por moléculas de açúcares e fosfato intercalados unidos por ligações fosfodiéster. Ligada à molécula de açúcar está uma de quatro bases nitrogenadas e é a seqüência dessas bases ao longo da molécula de ADN que carrega a informação genética. A leitura destas seqüências é feita através do código genético, o qual especifica a sequência linear dos aminoácidos das proteínas. A tradução é feita por um RNA mensageiro que copia parte da cadeia de ADN por um processo chamado transcrição e posteriormente a informação contida neste é "traduzida" em proteínas pela tradução. Embora a maioria do ARN produzido seja usado na síntese de proteínas, algum ARN tem função estrutural, como por exemplo o ARN ribossômico, que faz parte da constituição dos ribossomos.

Dentro da célula, o ADN pode ser observado numa estrutura chamada cromossoma durante a metafase e o conjunto de cromossomas de uma célula forma o cariótipo. Antes da divisão celular os cromossomas são duplicados através de um processo chamado replicação. Eucariontes como animais, plantas e fungos têm o seu ADN dentro do núcleo enquanto que procariontes como as bactérias o têm disperso no citoplasma. Dentro dos cromossomas, proteínas da cromatina como as histonas compactam e organizam o ADN. Estas estruturas compactas guiam as interacções entre o ADN e outras proteínas, ajudando a controlar que partes do ADN são transcritas.

O ADN é responsável pela transmissão das características hereditárias de cada ser vivo.

Descoberta leia sobre F, Miescher

Elucidação da composição química
As desconfianças quanto à real existência da nova substância descrita por Miescher só foram superadas por volta de 1889, quando Richard Altmann (1852-1900) obteve preparações altamente purificadas de nucleína, sem nenhuma contaminação por proteínas. Pelo fato de a substância ter caráter ácido, o que já havia sido detectado por Miescher, Altmann sugeriu que ela fosse chamada de ácido nucléico em vez de nucleína.

Outro pesquisador pioneiro na descoberta foi Albrecht Kossel (1853-1927). Em 1877, ele juntou-se ao grupo de pesquisa de Hoppe-Seyler, então trabalhando na Universidade de Estrasburgo (França), e começou a estudar a composição química das nucleínas. Kossel detectou dois tipos de bases nitrogenadas já conhecidas, a adenina e a guanina. Em 1893, identificou uma nova base nitrogenada, que era liberada pela degradação de nucleína da células do timo; por isso denominou-a timina. Logo em seguida, descobriu que a nucleína continha um quarto tipo de base nitrogenada, a qual denominou citosina. Em 1894, o grupo liderado por Kossel descobriu que os ácidos nucleicos continham também pentose, um açúcar com cinco átomos de carbono.

Em 1909, Phoebis Levine e Walter Jacobs (1883-1967) conseguiram determinar a organização das moléculas de fosfato, de pentose e base nitrogenada no ácido nucléico. Esses três componentes estão unidos entre si formando uma unidade fundamental, o nucleotídeo. Em 1930, Levine e colaboradores identificaram pentoses componente do ácido nucléico das células do timo, que denominaram 2-deoxi-D-ribose, pelo fato de ela possuir, no carbono 2 de sua cadeia, um átomo de oxigênio a menos que a ribose, uma pentose já conhecida, encontrada pelos pesquisadores em dois tipos de ácidos nucléicos: o ácido ribonucléico, ou ribose, e o ácido desoxirribonucléico, ou DNA, cujo açúcar é a desoxirribose.

Descoberta da transformação

Frederick Griffith fez uma importante observação no curso dos experimentos com a bactéria Streptococcus pneumoniae em 1928. Esta bactéria, que causa a pneumonia nos humanos, normalmente é letal em camundongos. Entretanto algumas linhagens desta espécie de bactérias desenvolviam-se menos virulentas (menos capazes de causar doenças ou morte). Nos experimentos de Griffith, ele usou duas linhagens que são distinguíveis pelo surgimento de suas colônias quando cultivadas em laboratório. Uma linhagem era um tipo normalmente virulento e mortal para a maioria dos animais de laboratório. As células desta linhagem estão envoltas em uma cápsula de polissacarídeo, dando às colônias em aspecto liso, donde esta linhagem ser identificada com S. A outra linhagem de Griffith era um tipo mutante não virulento que crescia em camundongos mas sem ser letal. Nesta linhagem, a capa de polissacarídeo está ausente, dando às colônias um aspecto rugoso . Esta linhagem é chamada R.

Griffith matou algumas células virulentas, fervendo-as. Ele então injetou as células mortas por aquecimento nos camundongos. Os camundongos sobreviveram, mostrando que os restos das células não causam morte. Entretanto os camundongos injetados com uma mistura de células não virulenta mortas por aquecimento e células não virulentas vivas, morreram. Além disso, as células vivas podiam ser recuperadas de camundongos mortos. Estas células deram colônias lisas e foram virulentas em uma injeção subseqüente. De algum modo, os restos das células S aquecidas haviam convertido células R vivas em células S vivas.[3]

Streptococcus pneumoniae

A etapa seguinte era determinar que componente químico das células doadoras mortas havia causado esta transformação. Esta substância tinha mudado o genótipo da linhagem receptora e portanto podia ser uma candidata ao material genético. Este problema foi resolvido pelos experimentos feitos em 1944 por Oswald Avery e dois colegas, C M. Macleod e M. McCarty. Seu enfoque ao problema foi destruir quimicamente todas as principais categorias de substâncias no extrato das células mortas, uma de cada vez, e descobrir se o extrato havia perdido a habilidade em transformar. As células virulentas tinham uma capa lisa de polissacarídeo, enquanto as células não virulentas, não. Assim os polissacarídeos eram um candidato óbvio a ser o agente transformante. Entretanto, quando os polissacarídeos foram destruídos, a mistura ainda podia transformar. As proteínas, gorduras e ácido ribonucleico (RNA) foram todos demostrados como não sendo o agente transformante. A mistura só perdia a sua habilidade transformante quando a mistura doadora era tratada com enzima desoxirribonuclease (DNase), que quebra o DNA. Estes resultados indicavam fortemente que o DNA era o material genético. Hoje sabemos que os fragmentos do DNA transformante que conferem virulência entram no cromossomo bacteriano e substituem suas contrapartes que confere não virulência.[4]

Pesquisadores estudam salamandra gigante do Japão


Um grupo de pesquisadores e ambientalistas está pesquisando uma espécie de salamandra gigante, com 1,7 metro de comprimento.

Além de seu tamanho, a salamandra Andrias japonicus, conhecida como hanzaki no Japão, chamou a atenção de ambientalistas internacionais e cientistas japoneses pelo seu status de fóssil vivo e pelo fato de não ser atingida por um fungo que está devastando muitas outras espécies de anfíbios no mundo todo.

"O esqueleto desta espécie é quase idêntico ao dos fósseis de 30 milhões de anos atrás", disse Takeyoshi Tochimoto, diretor do Instituto Hanzaki, perto da cidade de Hyogo (sudoeste do Japão).

"Por isso é chamada de 'fóssil vivo'", acrescentou.

"É um ‘dinossauro’, isto é espantoso", afirmou Claude Gascon, chefe dos programas científicos da entidade ambientalista Conservation International e também um dos líderes do grupo especialista em anfíbios da União Internacional para a Conservação da Natureza.

"Nós falamos de salamandras que geralmente cabem na palma da sua mão. Esta pode arrancar sua mão."

A salamandra examinada por Gascon está segura, presa em um tanque no centro de visitação da cidade de Maniwa, a 800 km de Tóquio.

Peixes e parentes

Além de ter 1,7 metro de comprimento, a salamandra gigante tem uma pele semelhante ao couro, uma cabeça grande e coberta de estruturas que provavelmente são sensíveis ao movimento e ajudariam a salamandra a capturar peixes.

Salamandra gigante do Japão

Anfíbio é resistente a fungo que está devastando populações no mundo todo

A salamandra hanzaki tem dois parentes próximos: a salamandra gigante chinesa (A. davidianus), que tem tamanho e forma semelhantes à japonesa e pode se acasalar com elas; e uma bem menor, a Cryptobranchus alleganiensis, do sudeste dos Estados Unidos.

Geralmente as salamandras gigantes ocupam covas em margens de rio. A ocupação é feita em grupos com um macho dominante, várias fêmeas e alguns outros machos.

O macho dominante e as fêmeas liberam na água óvulos e espermatozoides e se movimentam incessantemente para misturar tudo. Os machos não dominantes talvez também liberem espermatozoides, mas o papel deles ainda não está claro.

Quando a água fica mais calma, todos deixam a cova, exceto o macho dominante, que fica para cuidar do ninho e dos filhotes.

Fora da época de reprodução, a vida da salamandra é bem tranquila, vivendo da forma mais discreta possível no rio e capturando tudo o que estiver ao seu alcance para se alimentar.

Criaturas como estas certamente já habitavam o planeta quando os dinossauros ainda existiam, e fósseis da família foram encontrados bem longe da restrita área onde são encontrados atualmente.

"Acredita-se que elas sejam espécies extremamente primitivas, em parte devido ao fato de serem as únicas salamandras com fertilização externa", afirmou Don Church, especialista em salamandras da Conservation International.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Falhas de medição invalidam tese do aquecimento global, diz cientista


Um cientista entre os chamados "céticos do aquecimento global" defende que boa parte dos dados que apontam o aumento da temperatura do planeta devem ser ignorados porque milhares de estações de medição espalhadas pelo mundo estão sendo afetadas por condições que distorcem os seus resultados.

O meteorologista Anthony Watts afirma em um novo relatório que "os dados sobre a temperatura global estão seriamente comprometidos porque mais de três quartos das 6 mil estações de medição que existiam no passado não estão mais em funcionamento".

Watts acrescenta que existe uma "grave propensão a remover estações rurais e de altitudes e latitudes mais altas (que tendem a ser mais frias), levando a um exagero ainda maior e mais sério do aquecimento".

O relatório intitulado "Surface Temperature Records: Policy Driven Deception?" (algo como "Os Registros das Temperaturas da Superfície: Mentira com Motivação Política?", em tradução livre) foi publicado de forma independente, e não em revistas científicas - nas quais os artigos de um autor passam pelo crivo da análise de colegas.

Mas outros pesquisadores apoiam a análise de Watts, incluindo o professor de ciências atmosféricas John Christy, da Universidade do Alabama, que já esteve entre os principais autores do IPCC - o painel da ONU sobre mudanças climáticas.

Evidências

Entre as evidências citadas por Watts para defender sua tese está uma foto que mostra como a estação de medição no aeroporto de Fiumicino, em Roma, está posicionada atrás da pista de decolagem, recebendo os gases aquecidos emitidos pelas aeronaves.

Outra estação de medição está instalada dentro de um estacionamento de concreto na cidade de Tucson, no Arizona.

Essas são situações que, segundo o cientista, afetam o uso dos solos e a paisagem urbana ao redor da estação, refletindo muito mais as mudanças nas condições locais do que na tendência global da Terra.

Na América do Sul, o pesquisador afirma que as estações que medem a temperatura nas altas altitudes deixaram de ser consideradas, levando os cientistas a avaliar a mudança climática nos Andes por meio de uma leitura dos dados na costa do Peru e do Chile e da selva amazônica.

Para o pesquisador, estas falhas tornam "inútil" a leitura dessas medições colhidas em solo. Watts sustenta que o monitoramento via satélite é mais exato e deveria ser o único adotado.

Homem e ambiente

O debate provocado pelo professor é lenha no fogo da discussão que opõe cientistas para quem o aquecimento global, se existe, é um fenômeno natural - e tem precedentes na história da humanidade - e cientistas para quem o efeito é causado pelo homem e acentuado pelas emissões de gases que causam o efeito estufa.

Nos últimos anos, os cientistas que alertam para as causas humanas por trás do aquecimento conseguiram fazer prevalecer sua visão, sobretudo no Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, que recebeu inclusive um prêmio Nobel da Paz.

Em uma espécie de "contra-ataque dos céticos do aquecimento", o órgão da ONU foi obrigado no início deste ano a admitir que se equivocou em um dado que apontaria para a possibilidade de as geleiras do Himalaia derreterem até 2035.

No fim de semana, o cientista por trás deste equívoco, Phil Jones, disse à BBC que seus dados estavam mal organizados, mas que nunca teve intenção de induzir ninguém ao erro.

Jones, que é diretor da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, disse estar "100% confiante" de que o planeta está se aquecendo e de que este fenômeno é causado pelo homem.

O cientista afirmou ainda que as disputas entre os pesquisadores - a "mentalidade de trincheiras", como ele se referiu - só prejudicam a discussão objetiva da questão.

Fonte: BBC Brasil

Animal revela como sobrevive sem sexo

Eles têm metade de um milímetro e eram considerados um escândalo da evolução biológica, pois não fazem sexo há cerca de 30 milhões de anos e os biólogos não conseguiam entender o motivo. Esses minúsculos animais aquáticos, os rotíferos da classe Bdelloidea, teoricamente deveriam estar extintos. Mas uma pesquisa revelou o engenhoso método que eles usam para sobreviver e passar a vida assexuadamente: eles se ressecam e conseguem escapar de parasitas ao serem levados pelo vento para zonas seguras.

Universidade Cornel
Rotífero bdelóide atacado por fungo; em amarelo, filamentos do fungo emergem do bicho morto; criaturas estão há cerca de 30 milhões de anos evoluindo sem trocar genes
Rotífero bdelóide atacado por fungo; em amarelo, filamentos do fungo emergem do bicho morto; criaturas evoluem sem trocar genes

Teoricamente, a reprodução sem sexo teria até vantagens. Como lembram Christopher Wilson e Paul Sherman, da Universidade Cornell (EUA), os autores da pesquisa relatada em artigo na revista "Science", "a reprodução sexual reduz a eficiência da transmissão de genes por até 50%, perturba combinações favoráveis de genes, espalha doenças e é energeticamente custosa".

Mas apesar de tudo isso, menos de 1% dos animais são totalmente assexuados.

Muitos biólogos explicam o triunfo do sexo na evolução usando a hipótese da Rainha Vermelha. O nome é uma alusão à personagem do livro de Lewis Carroll, "Alice Através do Espelho", que declara que "você precisa correr muito para ficar no mesmo lugar".

No caso da evolução, isso significa que um organismo precisa encontrar meios para evoluir conjuntamente com seus parasitas e predadores. Há uma constante corrida armamentista entre uns e outros, que têm que "correr" para se adaptar às novas armas do adversário.

As cerca de 450 espécies de rotíferos dessa classe não fazem sexo de jeito nenhum, como também foi mostrado por evidências moleculares.

Só que isso expõe os pequenos rotíferos ao ataque de fungos parasitas, capazes de rapidamente exterminar suas colônias. Sem a rápida recombinação de genes que o sexo proporciona, que pode produzir indivíduos mais resistentes ao fungo, os rotíferos não têm como desenvolver armas novas para sua defesa a tempo.

Na seca

"Mesmo organismos que não têm a troca genética sexual podem ainda evoluir. A única diferença é que a variação é gerada apenas por mutação, não por recombinação", disse Wilson.

A característica do rotífero que o tornou bem sucedido é essa raríssima capacidade de sobreviver durante anos sem nenhuma água no meio celular.

Wilson e Sherman fizeram experimentos que mostraram que os rotíferos da espécie Habrotrocha elusa conseguem escapar do fungo parasita Rotiferophthora angustispora ao se desidratarem totalmente e serem dispersos pelo vento.

A desidratação extrema mata os fungos e, ao cair de novo em ambiente úmido, o rotífero parasitado se regenera.
Quanto mais tempo o rotífero fica seco, maior a chance de ter se livrado da infecção pelo fungo. Nos testes de laboratório, se a desidratação durou apenas uma semana, alguns fungos conseguiram sobreviver, e voltaram a atacar os animais regenerados.

Mas quando a secura durou 21 dias, 60% das populações de rotíferos ficaram livres do fungo durante o resto do experimento (20 semanas). Com uma desidratação de 35 dias, o índice de colônias sem contaminação subiu para 90,5%.

A dupla de cientistas também estudou a dispersão pelo vento em uma câmara que simulava uma brisa leve. Uma colônia altamente infectada por fungos e ressecada foi colocada na câmara.

Depois de transportados pelo ar, os rotíferos estabeleceram novas colônias em placas vazias a 30 cm a 40 cm de distância. O experimento foi feito duas vezes, obtendo índices semelhantes, de 58,8% e 63,6% de colônias livres de fungos.

Esconde-esconde

"Esses animais estão basicamente fazendo um jogo de esconde-esconde evolutivo", disse Sherman. "Eles conseguem colonizar habitats livres de parasitas, onde se reproduzem rapidamente e de onde partem de novo, antes que seus inimigos consigam alcançá-los."

Embora a capacidade de se desidratar dos rotíferos já fosse conhecida, o estudo mostrar como ela pode ter ajudado na evolução do animal.

Um trabalho publicado em 2008 no periódico "PNAS" por cientistas do Laboratório de Biologia Marinha dos EUA, mostrou que, para se ressecar, os rotíferos lançam mão de um sistema ultraeficaz de reparo de DNA. Ele reconstrói o genoma danificado pela secura.

Fonte: Folha de S. Paulo

Malária pode ter matado Tutancâmon, sugere DNA

Nem queda de biga, nem golpe na cabeça, nem envenenamento encomendado. Tutancâmon, o mais famoso soberano do Egito antigo, morreu provavelmente de complicações de uma fratura no fêmur e de uma infecção grave por malária.

A conclusão é da análise patológica mais completa já feita na múmia do jovem faraó, publicada hoje por pesquisadores do Egito, da Alemanha e da Itália na revista médica "Jama".

Fred Prouser/Reuters
Detalhe do minissarcófago usado para abrigar vísceras do faraó Tutancâmon
Detalhe do minissarcófago usado para abrigar vísceras do faraó Tutancâmon

Durante dois anos, o grupo fez análises de DNA, tomografias computadorizadas e medições exaustivas em Tutancâmon e outras 15 múmias. Destas, dez eram aparentadas com o rei-menino, morto em 1324 a.C. aos 19 anos.

Zahi Hawass, o onipresente chefe do Conselho de Antiguidades do Egito e líder da pesquisa, diz que os novos dados permitem descartar a hipótese de que Tutancâmon tenha sido assassinado a mando de seu vizir, Aye --que queria tomar-lhe a mulher, Anquesenâmon.

"Uma fratura repentina na perna, possivelmente causada por uma queda, pode ter resultado em um estado potencialmente fatal, quando uma infecção por malária ocorreu", escreveram Hawass e colegas.

Ossos frágeis

A julgar pelo estado de seu esqueleto, Tutancâmon era o candidato perfeito a uma fratura séria. O estudo revelou que o faraó tinha uma série de deformações nos ossos e uma doença rara semelhante à artrite.

Tomografias de seu pé esquerdo mostraram mais problemas: o pé era virado para dentro, um dos dedos tinha uma falange a menos e alguns ossos tinham sinal de necrose.

Os pesquisadores atribuem esta última à síndrome de Köhler, uma doença dolorosa na qual a interrupção do fluxo sanguíneo destrói os ossos. Tutancâmon precisava andar apoiado em uma bengala, o que possivelmente explica por que 130 desses objetos (alguns com sinais de uso) foram achados em sua tumba. "A doença ainda estava ocorrendo no momento da morte", afirma o grupo.

Todos esses problemas eram provavelmente hereditários, decorrentes da má constituição genética do rei-menino. A linhagem de Tutancâmon era repleta de casamentos consanguíneos, algo rotineiro entre os faraós e causa conhecida de propagação de doenças genéticas. Os exames de DNA revelaram que o próprio Tutancâmon era produto de incesto, do casamento do faraó Aquenáton com uma de suas irmãs.

A identidade da mãe do faraó permanece incerta. Pode ser que se trate da rainha Nefertiti, mas os arqueólogos preferem chamá-la de KV35YL (sigla para "mulher jovem da tumba 35 do Vale dos Reis).

Dois fetos de meninas de cinco e sete meses foram confirmados como as filhas nascidas mortas do rei. Mas a mãe das meninas tampouco pôde ser identificada com certeza como Anquesenâmon. Por ora, a mulher de Tutancâmon fica registrada apenas como KV21A.

Uma das surpresas da análise genética foi que tanto Tutancâmon quanto outras múmias da família tinham em seu sangue genes do Plasmodium falciparum, protozoário causador da malária na África. "Até onde sabemos, esta é a mais antiga evidência genética de malária numa múmia com datação precisa", afirmam os cientistas.

O faraó e seu bisavô, Yuya, tinham inclusive sinais de múltiplas infecções (a diversidade de genes de plasmódio no sangue dos dois era mais alta). Segundo os autores, Tutancâmon poderia até mesmo ter sofrido da forma mais grave da doença. Isso explicaria também a quantidade de plantas medicinais encontradas na tumba --chamadas de "farmácia além-túmulo" pelos pesquisadores.

A infecção, agindo sobre um corpo já tão fragilizado, teria liquidado o monarca.

Visão de artista

Apesar de terem detectado tantas moléstias, os cientistas também desfizeram um mito médico sobre Tutancâmon e sua família. Como os faraós de Aquenáton em diante eram representados sempre de forma afeminada em obras de arte, especulou-se que eles sofressem de síndrome de Marfan, outra doença genética que produz seios em homens e ossos alongados. Nenhum sinal da doença foi encontrado nas múmias. A bizarrice artística provavelmente resultava apenas de um decreto de Aquenáton sobre como retratar os reis.

Folha de S. Paulo

Introdução á química e a física para o 9º ano


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Transformar biomassa em combustíveis gasosos e químicos

Universidade do Minho avança com estudo para valorizar paradigma energético

Biotecnologia pode ser a chave da alteração energética
Biotecnologia pode ser a chave da alteração energética
O Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho está a estudar métodos de tratamento de biomassa, com vista à sua valorização energética através da produção biológica de combustíveis como o metano, o hidrogénio, o etanol, e o butanol.

A docente do grupo de investigação em biotecnologia ambiental, Madalena Alves, recentemente distinguida numa universidade da Roménia pelo estudo que desenvolve na área, adiantou que o trabalho do organismo "enquadra-se na vertente biotecnológica da transformação de biomassa em vários produtos de valor acrescentado".


Estes podem ser desde biocombustíveis gasosos como o metano e o hidrogénio, ou químicos e combustíveis como o butanol.

"Por exemplo, o glicerol, um subproduto originado na produção de biodiesel, cuja produção atinge 600 mil toneladas por ano na Europa, é um excelente ponto de partida para outros produtos que podem ser usados no dia-a-dia, incluindo plásticos biodegradáveis e combustíveis", frisou.

Madalena Alves
Madalena Alves
A investigadora acrescentou que "este é o caminho do futuro e a biotecnologia tem um papel importantíssimo na mudança de paradigma dos hidrocarbonetos para os hidratos de carbono".

Para Madalena Alves "qualquer resíduo ou efluente que contenha uma quantidade apreciável de matéria orgânica biodegradável deve ser tratado num processo biológico produtor de energia na forma de biogás ou de hidrogénio e só depois sofrer um pós tratamento de afinação".

"Dentre as matérias-primas passíveis de produzir biogás contam-se as lamas das Estações de Tratamento de Águas Residuais, os chorumes animais de vacarias, suiniculturas e aviculturas, os efluentes agro-industriais e agro-alimentares, de matadouros, e de processamento de peixe", revela a investigadora.

Recursos naturais não são infinitos

"O desgaste dos recursos naturais, o aumento exponencial da população mundial e a crescente pressão ambiental associada ao desenvolvimento, ameaçam a sustentabilidade da vida na terra", defende.

O carvão tal como o petróleo ou o gás natural são finitos
O carvão tal como o petróleo ou o gás natural são finitos
Em sua opinião, "as fontes fósseis de energia (carvão, petróleo e gás natural) são finitas e é necessário encontrar alternativas que permitam assegurar a vida das gerações futuras".

"A Biotecnologia é uma área emergente porque, a médio prazo, a economia baseada na transformação de hidrocarbonetos do petróleo com base em processos petroquímicos, passará a ser dominada pela transformação de biomassa (hidratos de carbono e também gorduras e proteínas), com base em processos biotecnológicos", avisa.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Ameaça invisível

Estudos recentes apontam novos riscos associados a um velho inimigo. Uma pesquisa mostrou que resíduos de nicotina provenientes da fumaça do cigarro podem gerar compostos cancerígenos; outra identificou centenas de bactérias patogênicas no tabaco.


Resíduos de nicotina provenientes da fumaça do cigarro podem permanecer durante meses nas superfícies de ambientes fechados. Ao reagirem com ácido nitroso, esses resquícios dão origem a compostos químicos cancerígenos (foto: sxc.hu).

Não bastassem os já conhecidos efeitos nocivos do cigarro, duas pesquisas vêm agora acrescentar novos riscos à saúde causados pelo tabagismo.

Uma delas mostra que os resíduos de nicotina oriundos da fumaça do cigarro podem reagir com o ácido nitroso do ambiente e formar compostos cancerígenos, o que representa uma ameaça aos chamados fumantes de terceira mão — expostos às partículas de cigarro que continuam no ambiente.

O outro estudo identificou microrganismos patogênicos em amostras de cigarros – o que indica que as infecções causadas pelo fumo podem ser oriundas do próprio cigarro e não apenas da vulnerabilidade causada ao organismo pelos elementos químicos presentes no produto.

Os resíduos da nicotina permanecem por semanas e até meses na superfície de móveis
Um dos novos estudos, publicado esta semana no periódico PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, investigou os resíduos de nicotina produzidos pelo tabaco. Ao contrário da fumaça visível do cigarro, que pode desaparecer rapidamente, esses resíduos permanecem por semanas e até meses na superfície de móveis. A reação desses resquícios com o ácido nitroso presente no ambiente forma as chamadas nitrosaminas, compostos químicos cancerígenos.

“Ao todo, são formadas três nitrosaminas. Duas delas, a NNN e a NNK, são classificadas como potenciais causadoras de câncer pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer ”, explica à CH On-line o especialista em físico-química Hugo Destaillats, pesquisador do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley (EUA) e um dos autores do estudo.

O terceiro composto oriundo da reação é a NNA. Formada em maior quantidade, ela não está classificada na lista de substâncias capazes de desencadear câncer em humanos. “No entanto, a NNA tem estrutura bastante similar à da NNK e é mutagênica, o que leva à necessidade de novos estudos para avaliar sua toxicidade”, ressalta Destaillats.

A pesquisa norte-americana não investigou a quantidade de nitrosaminas absorvida pelas pessoas que têm contato com superfícies contaminadas pelos resíduos de fumaça de cigarro.

“Os ambientes fechados devem ficar 100% livres de fumaça de cigarro”

“Entretanto, os níveis desses compostos encontrados nessas superfícies levantam preocupação quanto aos impactos sobre não fumantes, principalmente as crianças pequenas”, argumenta Destaillats. Para os tabagistas, a exposição às substâncias tóxicas é ainda maior, uma vez que as nitrosaminas já estão presentes na fumaça visível.

O alerta principal da pesquisa é quanto à importância de não se fumar em espaços fechados. “Se os riscos de intoxicação permanecem mesmo depois que o cigarro é apagado, não basta apenas evitar o fumo na presença de não fumantes”, diz o cientista. “Os ambientes fechados devem ficar 100% livres de fumaça de cigarro.”

Cigarro queimando
Cigarros são fontes de bactérias: após análise molecular do DNA de amostras de tabaco, cientistas identificaram a presença de centenas de organismos patogênicos. Algumas delas podem inclusive sobreviver à queima do tabaco (foto: Sebastian Fissore).

As bactérias do cigarro

Outro estudo mostrou que, mesmo apagado, o cigarro também pode desencadear infecções respiratórias. Nessa pesquisa, publicada no fim do ano passado no periódico Environmental Health Perspectives [PDF], cientistas dos Estados Unidos e da França identificaram a presença de bactérias em amostras de cigarros. A descoberta indica que o cigarro pode ser uma fonte direta de exposição a microrganismos patogênicos.

Para desenvolver a análise, os pesquisadores coletaram material genético encontrado no tabaco de quatro famosas marcas europeias de cigarro. Em seguida, eles analisaram esse material para tentar identificar ali sequências em comum com os genes conhecidos de mais de 700 organismos bacterianos.

Quinze diferentes classes de bactérias e uma ampla gama de organismos patogênicos foram detectados nas amostras de cigarro. Em mais de 90% dessas amostras foram encontradas bactérias como Acinetobacter e Pseudomonas aeruginosa — causadoras de sérias infecções hospitalares.

Algumas das bactérias encontradas nos cigarros podem sobreviver à queima do tabaco

A especialista em saúde ambiental Amy Sapkota, da Universidade de Maryland (EUA), primeira autora do artigo, conta que outras análises realizadas anteriormente já haviam revelado a presença de bactérias em cigarros. “Mas pela primeira vez foi feita uma abordagem molecular que nos permitiu avaliar a diversidade total de bactérias encontradas no fumo de cigarro”, diz ela à CH On-line.

Com base em estudos anteriores, Sapkota afirma que bactérias como a Mycobacterium avium podem sobreviver à queima do tabaco. O próximo passo é investigar a presença desses microrganismos patogênicos na fumaça do cigarro. “Se isso for comprovado, temos uma ameaça também aos fumantes passivos, que convivem com a fumaça”, diz.

As implicações na saúde derivadas da presença desses organismos ainda não foram devidamente esclarecidas. A cientista acredita, porém, que os organismos podem contribuir para o desenvolvimento de doenças infecciosas e crônicas tanto em fumantes ativos quanto passivos. “Essa é uma hipótese a ser desenvolvida em estudos futuros”, afirma Sapkota.

Fonte: Ciência Hoje

O composto novo da droga pode matar as células cancerosas ovarianas resistentes à quimioterapia

Um composto novo da droga conduz à morte das células cancerosas ovarianas resistentes à quimioterapia.

Dr. Gil ANSR, professor adjunto no departamento da obstetrícia, do Gynecology & de ciências reprodutivas na Faculdade de Medicina de Yale.

Professor adjunto no departamento da obstetrícia, do Gynecology & de ciências reprodutivas na Faculdade de Medicina de Yale.

Em uma descoberta que possa ser útil para manter a remissão no cancro ovariano chemo-resistente, os cientistas de Yale relatam que os estudos pré-clínicos mostraram que o composto NV-128 da droga pode induzir a morte de células cancerosas ovarianas parando a ativação de um caminho da proteína chamado mTOR.

A ANSR de Gil, M.D., o professor adjunto no departamento da obstetrícia, o Gynecology & as ciências reprodutivas na Faculdade de Medicina de Yale, e no cientista Ayesha Alvero da pesquisa do associado, M.D. apresentaram os dados abril 15 durante uma apresentação oral na reunião anual da associação americana para a pesquisa do cancro.

Nas células cancerosas, os sinais do mTOR realçam o crescimento do tumor e podem ser associados com a resistência às terapias convencionais. A inibição de mTOR poderia fechar muitos destes caminhos da sobrevivência, incluindo as proteínas que protegem as mitocôndria das células cancerosas.

NV-128, desenvolvido por Novogen Limitado, promessa das preensões como uma terapia mais alvejada para o cancro ovariano porque trabalha diferentemente das terapias tradicionais que são dependentes das enzimas conhecidas como caspases para provocar a morte de pilha. As terapias usando caspases para matar células cancerosas podem ser ineficazes nas células cancerosas chemo-resistentes devido às mutações que short-circuit os sinais que provocam a morte da célula cancerosa.

“Nós consideramos que a capacidade de NV-128 provocar a morte de pilha caspase-independente, em células cancerosas ovarianas de outra maneira chemoresistant, abre possibilidades novas para o uso de NV-128 como uma adição potencial à quimioterapia convencional que alveja células cancerosas ovarianas,” dissemos a ANSR.

No contexto de terapias tornando-se para o cancro ovariano de estágio atrasado, a ANSR disse, encontrar pode ser “uma etapa chave ao desenvolvimento da terapia alvejada alternativa para pacientes com retorno do cancro.”

Cientistas descobrem arma secreta de células cancerígenas contra quimio


Uma equipe de cientistas britânicos identificou a "arma secreta" que utilizam as células cancerígenas para combater e sobreviver aos tratamentos com quimioterapia.

A descoberta feita por especialistas da Cancer Research UK, uma ONG dedicada à pesquisa de câncer, relaciona-se com a estrutura de uma proteína que se encontra no coração do sistema de defesa dos tumores cancerígenos.

Identificada como FANCL, essa proteína ajuda as células malignas a reparar o dano que sofre seu DNA a consequência do tratamento do doente com quimioterapia.

"Investigamos a estrutura do motor do sistema de funcionamento da célula", disse a principal responsável do estudo, Helen Walden. Segundo ela, "se conseguimos detê-lo, conseguiríamos células muito mais receptivas à quimioterapia".

"Conseguimos a primeira fotografia atômica completa de uma proteína envolvida no caminho da reparação de uma célula, justo ao próprio coração da rota pela qual as células cancerígenas se defendem de tratamentos que têm como objetivo destruí-las", assinalou a especialista.

Walden acrescentou que, com a descoberta, "é possível melhorar os tratamentos tradicionais". Ela ressaltou que a descoberta pode se transformar em uma linha de pesquisa para a criação de um medicamento específico.

A conclusão principal deste estudo, que se publica na revista "Nature Structural and Molecular Biology" é que um preciso tratamento contra a FANCL pode ajudar a combater o câncer.

A doutora Lesley Walker, do Cancer Research UK, ressaltou que se trata "de uma pesquisa muito importante", porque "atinge o cerne da tática após a proteção das células do câncer frente ao tratamento de quimioterapia".

"Esta descoberta nos dá um objetivo promissor para potenciais medicamentos que ajudem a debilitar a resistência das células cancerígenas enquanto se administra a quimioterapia, para fazer com que este tratamento seja o mais eficaz possível", manifestou.

fonte: folha online

Recifes do caribe, cada dia mais ameaçados

As águas transparentes do Caribe não conseguem mais esconder a tragédia ambiental que se passa dentro delas. Poucos metros abaixo da superfície, os recifes de coral da região - assim como os do resto do mundo - estão cada vez mais ameaçados. Estudos indicam que quase 20% dos ecossistemas recifais do mundo já foram exterminados nas últimas décadas pela poluição, pesca predatória e outros impactos trazidos pelo homem. Outros 15% correm sério risco de morrer nos próximos 10 a 20 anos, segundo o último relatório sobre o Estado dos Recifes de Coral do Mundo, produzido em 2008.

O Caribe é a região mais impactada, com 14% de seus recifes já mortos e outros dois terços ameaçados de alguma forma por atividades humanas.

No lugar de ecossistemas altamente dinâmicos e diversificados, repletos de vida multicolorida, o que se vê hoje em muitos mergulhos são paisagens moribundas, delineadas por esqueletos de calcário em que pequenas "manchas" de coral vivo lutam para sobreviver em meio a uma invasão de algas e outros organismos oportunistas. Entre os sobreviventes, muitos estão doentes. E as coisas só devem piorar daqui para frente com o aumento da temperatura e a acidificação da água, efeitos do aquecimento global (mais informações na página ao lado).

"Estamos numa emergência. A situação, que já era crítica sem as mudanças climáticas, tende a ficar muito pior", diz a especialista em biologia marinha Nancy Knowlton, do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington. A perda global de cobertura coralínea (porcentual de coral vivo sobre os recifes) nos últimos 30 anos, segundo ela, foi de 60%. No Caribe a redução chega a 80%.

Mesmo em lugares considerados "de baixo risco", os sinais de degradação são evidentes. A reportagem do Estado visitou a ilha de Bonaire, parte das Antilhas Holandesas, no sul do Caribe, onde supostamente estão alguns dos recifes de coral mais bem preservados da região. O que se vê debaixo d"água é uma mistura de beleza e destruição. Um ecossistema sufocado. Corais mortos e doentes por todos os lados. Paredões inteiros cobertos por algas. E quase nenhum grande peixe à vista.

Inventários locais indicam que mais da metade da cobertura coralínea de Bonaire já desapareceu nos últimos 20 anos, talvez para sempre. "Tenho pena dos mergulhadores que chegam aqui e acham isso lindo", diz o matemático Genady Filkovsky, que colabora com um projeto voluntário de monitoramento da água na ilha. "Só acham isso porque não viram como era antes."

O problema, segundo pesquisadores locais, é simples: poluição. Bonaire tem cerca de 14 mil habitantes (mais alguns milhares de turistas), nenhuma fonte de água potável e nenhuma estação de tratamento de esgoto. Toda a água usada na ilha é retirada do mar e dessalinizada para consumo humano.

Os efluentes são lançados em fossas, que são drenadas para um aterro público no interior da ilha, sem impermeabilização. Inevitavelmente, o líquido penetra no solo poroso (de origem coralínea) e volta para o oceano. "A água sai do mar limpa e salgada e retorna suja e doce", resume Albert Bianculli, presidente da Fundação Seamonitor, responsável pelo projeto de monitoramento.

Em 1999, ondas de até 5 metros criadas pelo furacão Lenny danificaram gravemente os ecossistemas de águas rasas (até 10 metros de profundidade) de Bonaire. Em condições normais, os corais seriam capazes de se recuperar e recolonizar os recifes. Por causa dos "nutrientes" lançados na água pelo esgoto (principalmente fósforo e nitrogênio), porém, quem tomou conta do lugar foram as algas.

"Corais são animais que gostam de águas claras, com muita luz e poucos nutrientes", explica a bióloga Rita Peachey, da Estação de Pesquisa CIEE, há três anos em Bonaire. Ela explica que o esgoto funciona como um fertilizante para as algas, que crescem muito mais rápido do que os corais: 1 centímetro por semana, versus 1 centímetro por ano.

Uma vez que as algas se fixam no recife é quase impossível despejá-las enquanto houver excesso de nutrientes na água. "A alga vence sempre", diz Bianculli. Os corais acabam marginalizados e encurralados em sua própria casa.

O problema é exacerbado pela ausência do ouriço preto de espinho longo (Diadema antillarum), espécie que era o principal herbívoro dos recifes caribenhos até 1983, quando foi quase exterminada por um evento de mortandade em massa. Sem os ouriços, sobraram só os peixes-papagaios para comer as algas que competem com os corais. "Se não fosse por esses peixes, estaríamos em sérios apuros", diz Rita.

Outra pista do desequilíbrio ambiental em Bonaire é a proliferação do caramujo língua-de-flamingo, um molusco que se alimenta de gorgônias e outros tipos de corais "moles" (parecidos com plantas). Segundo Rita, até alguns anos atrás, um mergulhador ficava feliz de ver dois ou três desses belos moluscos durante um mergulho. Agora, é fácil encontrar 30 ou até mais animais devorando um mesmo coral. A causa mais provável é o sumiço dos predadores naturais do caramujo, como as garoupas, cujas populações diminuíram drasticamente por causa da sobrepesca.

Quem anda marcando presença em Bonaire nos últimos meses é um outro predador, de origem asiática: o peixe-leão. Muito bonito, muito agressivo, e muito indesejado. Trata-se de uma espécie invasora, provavelmente trazida pela água de lastro de navios e que, se não for controlada, poderá ser transformar numa praga.

Nenhum desses problemas é exclusivo de Bonaire. Pelo contrário, a ilha é classificada como uma das mais "saudáveis" do Caribe. Um mau presságio para os recifes que garantem a sobrevivência de milhões de peixes e pessoas na região.

Peixe-leão causa maior 'invasão marinha da história' no Caribe, dizem cientistas

Espécie escapou de um aquário nos Estados Unidos e está infestando a América Central. Animal de cara feia e espinhos venenosos engole peixes e crustáceos inteiros de uma vez.
Uma espécie de peixe venenosa está causando uma devastação entre a fauna nativa do Caribe depois de ter escapado de um tanque nos Estados Unidos, alertam cientistas que trabalham na área. O peixe-leão vermelho está aparecendo por toda a região, até mesmo nas áreas mais intocadas, engolindo exemplares de animais locais e atacando mergulhadores.
O animal é nativo dos oceanos Pacífico e Índico e não tem predadores no Caribe. É capaz de cercar peixes e crustáceos de até metade do seu tamanho e engolir de uma vez só. Os pesquisadores observaram apenas um peixe-leão comendo até 20 outros peixes em menos de 30 minutos.

Foto: AP

Espécie está causando devastação nos mares caribenhos (Foto: AP)

"Essa pode muito bem se tornar a mais devastadora invasão marinha da história", afirmou Mark Hixon, da Universidade Estadual do Oregon. Para ele, o que o peixe-leão está fazendo nos mares caribenhos é comparável ao estrago de uma praga de gafanhotos.
Embora seja chamado de "vermelho", a cor predominante da espécie é o branco, com listras vermelhas e marrons. Seus espinhos venenosos dão uma cara meio alienígena ao bicho. O veneno não é fatal para humanos, embora seja muito dolororido.
Para a União Mundial de Conservação, o peixe-leão vermelho é uma das piores espécies invasoras do mundo. E como ele nada muito fundo para ser pego por redes -- a forma mais comum de lidar com espécies invasoras animais na água --, os cientistas estão procurando descobrir o que pode servir como seu predador: tubarões, enguias e até humanos. Embora algumas pessoas garantam que o gosto do peixe não é ruim, os tubarões, em geral, se recusam a comer a espécie.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Mais um passo na descoberta da origem do vírus da SIDA

Plasma seminal pode ser a origem do HIV
Plasma seminal pode ser a origem do HIV
A infecção por via sexual do vírus da imunodeficiência humana (HIV) entre homens que têm relações com outros homens é a que mais tem aumentado em todo o mundo. No entanto, apesar desta maioritária via de transmissão, pouco se sabe sobre o mecanismo por o qual o sémen passa o vírus ao organismo do companheiro.

Investigadores da Universidade da Califórnia tentam minimizar este mistério ao reparar que o plasma seminal é o principal responsável da infecção, mais do que os glóbulos brancos e do que os outros componentes do sémen.

Investigadores da Universidade da Califórnia tentam minimizar este mistério ao reparar que o plasma seminal é o principal responsável da infecção, mais do que os glóbulos brancos e do que os outros componentes do sémen.
Segundo o estudo, publicado na revista Science Translational Medicine, o sémen é uma mescla complexa de espermatozóides, glóbulos brancos e fluidos (plasma seminal) que, no caso de homens com HIV, alberga tanto partículas virais de ARN dentro do plasma como partículas virais de DNA dentro das células. Para ver de que forma, o ARN ou o DNA, se transmitia mais facilmente o vírus, algo desconhecido até então. Os cientistas analisaram seis casais de homens em que um dos seus membros, seropositivo, tinha passado a infecção ao seu companheiro.
Árvore genealógica do HIV

“Ao examinar as sequências genética do HIV em mostras de sémen e de sangue de seis casais, reparamos que as partículas virais de ARN do vírus encontradas no homem recem infectado estavam relacionadas com as partículas no homem que era seropositivo. Ou seja, os fragmentos de HIV que flutuam no plasma são a principal fonte de infecção”
, explicou ao El Mundo Davey Smith, professor de medicina da universidade norte-americana e coordenador do estudo. “Não obstante, as células também tem capacidade para infectar”, conclui.

Foram estudadas sequências genéticas de HIV
Foram estudadas sequências genéticas de HIV
A equipa usou análises filogenéticas para examinar as características do vírus em cada membro seropositivo do casal e compararam com a dos homens receptores. Ao construir uma espécie de árvore genealógica dos vírus, os cientistas repararam que o HIV se origina a partir de ARN no plasma seminal. “Esta descoberta poderia ajudar a estabelecer novas estratégias e métodos de prevenção mais eficazes e a desenvolver microbicidas e fármacos que dirijam a mais concretamente ao plasma seminal”, realçou Smith.

Apesar da descoberta, os investigadores alertam que é necessário realizar mais investigações para confirmar a origem do HIV. O estudo centrou-se nas relações sexuais entre homens e “não se pode afirmar que ocorra o mesmo nas mulheres, ainda que a maioria destas se infecte por exposição ao sémen masculino, é lógico crer que a via é a mesma e que o ARN do plasma seminal é o culpado”, disse o professor.