sábado, 6 de fevereiro de 2010

Canibalismo de filhote de primata surpreende cientistas

Bonobos eram considerados 'pacatos'; cientista acha que prática pode ser mais comum do que se imaginava

Bonobos são os mais próximos parentes do homem, juntamente com os chimpanzés
Bonobos são os mais próximos parentes do homem, juntamente com os chimpanzés
Editor da BBC Earth News - Uma fêmea de bonobo foi vista comendo a carne de seu filhote de dois anos e meio que havia morrido pouco antes.
Entre os macacos, um comportamento como este é extremamente raro e só foi observado antes entre orangotangos, mas nunca entre bonobos, que são os mais próximos parentes do homem, juntamente com os chimpanzés.
Embora incomum, este comportamento pode não ser uma aberração, de acordo com os cientistas que viram o fenômeno.
Mas isto é contrário a uma ideia enraizada de que os bonobos são uma espécie particularmente "pacata".
A descoberta foi noticiada no American Journal of Primatology.
Os bonobos (Pan paniscus), conhecidos no passado como chimpanzés pigmeus, apresentam semelhanças com os chimpanzés comuns (Pan troglodytes).

'Pacatos'
Pesquisadores destacaram com frequência as diferenças de comportamento entre as duas espécies. Os bonobos seriam menos agressivos e hostis um para com o outro e viveriam em sociedades dominadas por fêmeas, e não por machos, como é o caso nas comunidades de chimpanzés.
Eles também eram vistos como menos violentos e, acreditava-se, não cometiam infanticídio ou caçavam e comiam outras espécies de primatas.
No ano passado, contudo, essa imagem mais pacata foi destruída quando cientistas descobriram que os bonobos matam e comem macacos.
Agora, os pesquisadores Andrew Fowler e Gottfried Hohmann, do Instituto Max Planck para Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, registraram um exemplo de um bonobo comendo, junto com outros macacos no seu grupo, o corpo de seu filhote morto.
Fowler e sua colega, Caroline Deimel, realizaram observações de rotina de um grupo de bonobos na floresta de Lui Kotale, na República Democrática do Congo.
Pelas árvores, eles viram uma fêmea chamada Olga carregando o corpo do filhote morto, Olivia, nos ombros.
No dia seguinte, Olga ainda levava o filhote, e passou uma hora acariciando o corpo.
"Depois de uma hora, Marta, uma fêmea dominante, pegou o corpo apesar de uma resistência inicial de Olga", disse Fowler à BBC."Ela começou a devorá-lo, em conjunto com a maioria da comunidade, inclusive a mãe."
Segundo o pesquisador, o festim levou várias horas e a carcaça mudou de mãos várias vezes. Houve momentos em que Olga e Ophelia, outro filhote da fêmea bonobo, ficaram distanciados do grupo.
"Quando sobraram um único pé e mão ligados a um fragmento de pele, Olga pegou os despojos, colocou-os sobre as costas e se distanciou do grupo."

Infanticídio
Fowler disse que tal comportamento pode ser muito mais comum do que o incidente que ele presenciou.
Os pesquisadores podem ter testemunhado outras ocorrências como esta mas podem ter se sentido pouco encorajados a divulgá-los por temerem chamar a atenção para canibalismo entre parentes próximos dos seres humanos, afirmou Fowler.
Ou, simplesmente, pode ser que não tenham havido estudos suficientes sobre os bonobos.
Os biólogos acreditam que o infanticídio costuma ser encorajado por machos que desejam eliminar os mais jovens portadores de genes diferentes dos seus.
Ao matar os filhotes, eles também podem fazer com que as mães voltem a ser sexualmente receptivas, e aumentam as suas chances de acasalamento com elas.
Comer os filhotes é muito raro, especialmente entre macacos de grande porte.
No ano passado, David Dellatore, da Universidade Brookes, em Oxford, registrou dois incidentes entre orangotangos. Ele acredita que os animais estavam estressados.
Fonte: BBC Brasil

Genoma de cachorro, pesquisa


A seqüência do genoma dos cachorros está a ponto de começar a ser decifrada, num momento em que os mapas do genoma da abelha e do macaco já estão na fase final, anunciou o Instituto de Pesquisa sobre o Genoma Humano americano (NHGRI, sigla em inglês).

O instituto decidiu trabalhar na seqüência do genoma do cachorro boxer, depois de realizar estudos em 120 cachorros de 60 raças para localizar o espécimen que tem a menor variação genética.

O genoma do cachorro boxer, segundo os investigadores, seria 99% igual ao DNA de qualquer outro cachorro doméstico.

Uma vez decifrado o genoma do boxer, os cientistas analisarão os traços do DNA de entre 10 e 20 raças de cão para descobrir as variações genéticas entre os cachorros.

A decifração do genoma do cachorro custará 50 milhões de dólares e levará pelo menos 12 meses, no Centro Whitehead/MIT para a pesquisa genética em Cambridge, estado de Massachusetts. Esse genoma é similar em tamanho ao do homem, com cerca de 2,8 bilhões de combinações.

O diretor do NHGRI, Francis Collins, explicou que "a comparação do genoma humano com o de outros organismos permite identificar as áreas similares e as diferentes" e, assim, entender melhor o funcionamento dos genes humanos.

As experiências com cachorros já permitiram aperfeiçoar as técnicas de transplante de medula óssea e salvar milhares de doentes de câncer, recordou o NHGRI.

"Quando pudermos comparar o genoma do cachorro com o do homem, o cachorro será o melhor amigo do homem em mais sentidos do que podemos imaginar hoje", acrescentou Collins.

A encarregada do projeto no Centro Whitehead/MIT, Kerstin Lindblad-Toh, afirma que a seqüência do genoma do cachorro "será uma base de recursos fantástica que permitirá a descoberta de vários genes de doenças" tanto para os homens quanto para seus animais de estimação.

Uma grande quantidade de cachorros de raça, devido à reprodução seletiva realizada por criadores, sofre de doenças genéticas como o câncer, insuficiências cardíacas, surdez ou cegueira, assim como deficiências imunológicas que são difíceis de estudar no homem. O cachorro é, além disso, muito utilizado pelos laboratórios farmacêuticos para teste de medicamentos.

O instituto de pesquisa está na etapa final de um primeiro trabalho de decifração do genoma do chimpanzé. O resultado poderia estar disponível em junho. Também termina uma primeira versão do genoma da abelha, prevista para julho.

Graças ao genoma do chimpanzé, os investigadores esperam descobrir por que essa espécie, cuja seqüência genética é cerca de 98,8% idêntica à do homem, não tem doenças que afetam os humanos, como a AIDS e a malária.

O genoma da abelha tem particular interesse para a agricultura, por seu papel na polinização das colheitas, e para os cientistas, que estudam seu modelo de organização social.

'Pâncreas artificial' pode regular açúcar no sangue de crianças diabéticas, diz estudo


Cientistas britânicos testaram sensor que mede níveis de glicose combinado com bomba de insulina.

Cientistas da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, mostraram que um "pâncreas artificial" pode ser usado para regular os níveis de açúcar no sangue de crianças que sofrem de diabetes do tipo 1.

A diabetes tipo 1 é uma doença crônica, que pode levar à morte do paciente, caracterizada por uma deficiência do pâncreas na produção de insulina, o hormônio que regula os níveis de açúcar no sangue.Em um teste, os pesquisadores descobriram que a combinação de um sensor, que mede os níveis de glicose "em tempo real", com uma espécie de bomba que fornece insulina ao paciente, pode melhorar durante a noite o controle do açúcar no sangue.A pesquisa, publicada na revista científica Lancet, mostrou que o dispositivo diminui de forma significativa o risco de os níveis de açúcar no sangue caírem, colocando o paciente em risco de uma crise de hipoglicemia, uma grande preocupação para pacientes - crianças e adultos, com diabetes do tipo 1.O sistema do pâncreas artificial combina um monitor contínuo da glicose com a bomba de insulina, ambos já disponíveis no mercado para venda separados, e usa um algoritmo sofisticado para calcular a quantidade necessária de insulina a ser fornecida, baseada nas leituras de nível de glicose em tempo real."Este é o primeiro estudo aleatório que mostra o benefício potencial do sistema do pâncreas artificial durante a noite, usando sensores e bombas já disponíveis no mercado. Nosso estudo fornece uma base para o teste do sistema em casa", afirmou o líder da pesquisa Roman Hovorka, do Instituto de de Ciência Metabólica da Universidade de Cambridge."Nossos resultados mostram que os dispositivos disponíveis no mercado, quando colocados juntos com o algoritmo que desenvolvemos, pode melhorar o controle de glicose em crianças e reduzir de forma significativa o risco de hipoglicemia durante a noite."

54 noites

Na pesquisa, 17 crianças e adolescentes com idades entre cinco e 18 anos e que sofrem de diabetes tipo 1 foram estudadas durante 54 noites em um hospital.

A equipe de cientistas analisou o desempenho o sistema de pâncreas artificial no controle do nível de glicose, em comparação com o uso da bomba fornecedora de insulina, que fornece o hormônio ao paciente de forma subcutânea em taxas pré-estabelecidas.O estudo analisou também noites quando as crianças iam dormir depois de comer uma refeição maior ou ter feito exercício no início da noite. A refeição pode levar ao chamado "acúmulo de insulina" e, como resultado, uma queda perigosa do nível de glicose no sangue horas depois, tarde da noite.Já os exercícios no final da tarde ou começo da noite aumentam a necessidade do corpo por glicose no início da manhã e, por isso, aumenta o risco de hipoglicemia durante a noite. Os resultados combinados mostraram que o pâncreas artificial manteve os níveis de glicose no sangue normais durante 60% do tempo, comparado com 40% que a bomba de insulina conseguiu.O pâncreas artificial também cortou pela metade o tempo em que os níveis de glicose do sangue caíram abaixo de 3.9 mmol/l, o nível considerado como de hipoglicemia leve. Também evitou que o nível de glicose no sangue caísse abaixo de 3,0 mmol/l, que é definido como hipoglicemia significativa, comparado com nove ocorrências de hipoglicemia nos grupos de controle.

Karen Addington, diretora executiva da Fundação Britânica de Pesquisa de Diabetes Juvenil, que financiou o estudo, afirmou que é preciso "redobrar nossos esforços para que o pâncreas artificial deixe de ser um conceito na clínica e se transforme em realidade na casa de crianças e adultos que tem diabetes tipo 1".

Fonte: BBC Brasil

Mudança climática deixa Plutão mais vermelho


Fotos foram feitas pelo telescópio espacial Hubble
A Nasa (agência espacial americana) anunciou nesta quinta-feira (4) um estudo que revela detalhes das mudanças que aconteceram em Plutão nos últimos anos. Imagens do telescópio espacial Hubble constataram que o planeta está mais avermelhado, com mais brilho em seu Hemisfério Norte e com o Hemisfério Sul mais escuro.

As alterações se devem às mudanças climáticas, principalmente ao derretimento do gelo no polo ensolarado e recongelamento no polo oposto ao que recebe a luz solar. O planeta está cada vez mais distante do Sol.

Essas informações serão usadas para estudar as estações em Plutão, que são têm períodos irregulares, bem diferentes da Terra porque sua órbita é elíptica.
Entre 1988 e 2002, a massa atmosférica de Plutão dobrou de tamanho.
Por meio de um comunicado, Marc Buie, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste, no Colorado, Estados Unidos, disse que novos estudos serão feitos a partir dos resultados recentes.

- As observações do Hubble são importantes para vincular essas mudanças a outras que ocorreram em Plutão, mostrando como suas características fazem sentido, abrindo novas perspectivas de investigação.

Neurobiologia explica como os hormônios unem ou afastam os casais

Bioquímica do amor

RIO - Um elixir do amor. Um tônico da fidelidade. Um simples exame de sangue que indique o parceiro ideal. Com as recentes descobertas na área da bioquímica, genética e neurofisiologia, cientistas já começam a entender quais e como as áreas do cérebro envolvidas com apego e fidelidade funcionam, e o papel dos hormônios na aproximação entre casais e na manutenção de relacionamentos duradouros. Agora, dizem, é apenas uma questão de tempo para se chegar a uma fórmula.

A neurobiologia do amor e da paixão foi um dos principais temas do quinto Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções, que ocorreu em Gramado esta semana. Com os avanços dessas pesquisas, talvez, num futuro não muito distante, seja possível combinar exames de sangue e de imagem para saber se um casal tende a dar certo ou não.

Casar-se ou continuar um namoro indefinidamente, ainda hoje uma questão sem resposta para alguns homens e mulheres, pode estar perto de ser resolvida. Os neurocientistas já sabem quais áreas o cérebro ativa em determinadas situações, como, num momento de estresse ou medo ou em indivíduos que consomem drogas. Agora esses conhecimentos estão sendo aplicados para entender a configuração das relações humanas, principalmente no que diz respeito à empatia e aos julgamentos morais.

No amor, as análises em neurociências confirmam o que muitos escritores e poetas já sabiam: apaixonar-se é tão inconsciente quanto sentir fome, com as duas reações ativando estruturas similares no cérebro. São processos vitais arraigados, que acionam áreas profundas do cérebro, e responsáveis pela recompensa. Elas foram se desenvolvendo durante milhares de anos no homem.

- A neurociência mostra que a paixão é antesala do amor. Na paixão ocorre a desativação de áreas ligadas ao juízo crítico, o que é apropriado ou não, e à identificação de ameaça no ambiente. Isso faz com que a pessoa apaixonada veja menos defeitos na outra. Daí a máxima de que o amor é cego - diz o neurocientista André Palmini, da divisão de neurologia e professor da PUC-RS, que falou sobre o tema no Congresso.

Com o passar do tempo, essas áreas associadas à paixão vão se tornando menos intensas, como se a pessoa fosse saciada aos poucos. Outras partes do cérebro, como a relacionada à empatia, são acionadas. A estrutura primitiva do cérebro que traz a sensação de bem-estar continua atuando. Por isso as pessoas continuam interessadas uma na outra, diz Palmini.

Só a biologia e a genética, porém, não explicam porque alguns relacionamentos duram mais tempo que outros. Isso porque há influência do meio ambiente. Mas a neurociência já descobriu substâncias importantes no apego e na fidelidade, como os hormônios ocitocina e a vasopressina. O primeiro é fabricado pelo hipotálamo e guardado na hipófise posterior. Sua função básica é ativar as contrações uterinas durante o parto e a liberação do leite na amamentação. E ainda ajuda casais a ficarem juntos por muito tempo. Ele é associado ao que as pessoas sentem, por exemplo, ao abraçar a outra por quem sentem grande estima. É chamado de "hormônio do amor". Tanto que a sua concentração durante o orgasmo se eleva em 400%.

Já a vasopressina é liberada pela neurohipófise e aumenta a pressão sanguínea. Ela também é liberada no ato sexual, trazendo sensação de prazer, o que aumenta as chances de um casal se acertar.

Para Palmini, não se sabe, inclusive do ponto de vista ético, os limites da neurobiologia. Talvez os cientistas possam desenvolver tratamentos para aumentar ou reduzir a produção dos hormônios do amor. E o antigo exame de sangue pré-nupcial dos nossos avós possa incluir uma análise dessas substâncias para saber se a química do casal realmente funciona, se corresponde à expectativa de fidelidade. É a questão de pele, comprovada cientificamente.

- Será que podemos conseguir a monogamia estimulando mais a produção de oxicitocina, um marcador químico para o apego? Quais serão as implicações? Haverá um tratamento com drogas para deixar a pessoa mais apaixonada? Até que ponto pode-se tratar e mudar o comportamento humano? São questões que estamos começando a discutir - diz Palmini.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Inseticida feito de bactéria


O Bacillus thuringiensis
Em 1901 ocorreu uma epidemia de mortalidade em larvas do bicho-da-seda no Japão. Pesquisadores descobriram que ela foi provocada por uma bactéria até então desconhecida.

Em 1911, na Alemanha, o pesquisador Berliner conseguiu isolar e caracterizar essa bactéria, batizando-a de Bacillus (por sua forma cilíndrica) thuringiensis (em homenagem à região alemã da Turíngia). Em 1938, na França, formulações contendo colônias desta bactéria foram vendidas como inseticidas e, em 1954, seu modo de ação foi descoberto.

O Bacillus thuringiensis é uma bactéria de solo presente nos mais diversos continentes, gram-positiva, aeróbica, isto é, necessita de oxigênio para sobreviver e, quando as condições ambientais se tornam adversas, pode esporular para sobreviver a estas condições.

Tanto na sua fase vegetativa quanto na esporulação, estas bactérias produzem proteínas que têm efeito inseticida. Destas proteínas, as mais conhecidas são chamadas de proteínas cristal (com a denominação Cry), que são produzidas durante a fase de esporulação. Já foram identificadas diversas proteínas que atuam em diferentes ordens de insetos e até já foram descritas proteínas com potencial de controlar nematóides.

São mais de 50 diferentes famílias descobertas e organizadas por um código numérico. Como exemplo tem a família Cry1, que atua sobre lepidópteros (borboletas); a Cry3, que atua sobre coleópteros (besouros); e a Cry4, que atua sobre dípteros (moscas e mosquitos), inclusive utilizada no controle biológico de mosquitos vetores de doenças como a dengue.
Modo de ação das proteínas do Bacillus thuringiensis O que torna as proteínas do Bacillus thuringiensis eficientes e seguras para uso é o seu modo de ação altamente específico, onde cada proteína atua de maneira singular em uma determinada ordem de insetos. Da forma como são produzidas pelas bactérias, estas proteínas são inócuas porque a parte inseticida está fechada por duas cadeias protéicas.
Para liberar o núcleo inseticida é necessário que a proteína, em forma de cristal, seja primeiramente ingerida para depois, em ambiente alcalino, ser quebrada em pontos específicos que liberam este núcleo ativo.
No sistema digestivo de humanos e animais superiores o ambiente é ácido e a proteína é completamente degradada em minutos. Desta forma, a proteína não apresenta nenhum efeito em animais superiores ou humanos.
Após o núcleo ativo ser liberado, este deve se ligar a receptores específicos na parede do intestino do inseto-alvo. É, por isto, que diferentes proteínas têm diferentes especificidades devido à variação destes receptores através das diferentes espécies, ordens e classes de insetos. Uma vez ligada, a proteína, na forma de cristal, inicialmente inibe a absorção de alimentos e depois provoca poros nas membranas do intestino, destruindo-o por completo e provocando a morte do inseto.
Em resumo, são três os passos para que a proteína cristal funcione como inseticida: ingestão, quebra nos lugares corretos e ligação em receptores específicos. Somente com estas três condições presentes é que ocorre o potencial inseticida da proteína.
Uso comercial de formulações de Bacillus thuringiensis Existem formulações de inseticidas à base de Bacillus thuringiensis registradas para uso agrícola no Brasil junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Segundo o AGROFIT (Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários do MAPA), são nove produtos diferentes, mas apenas um com registro para controle de lagartas na cultura do milho.

Surge uma pergunta lógica quando se analisa este cenário: se o Bacillus thuringiensis é eficiente no controle de insetos e se as proteínas de Bt são eficazes e seguras, por que não há mais produtos na forma de inseticidas no mercado, ao invés de plantas transgênicas contendo gene deste bacilo?

A resposta a esta pergunta é muito simples. São dois os motivos básicos. O primeiro é pelo fato de que é difícil a fixação das proteínas nas folhas. Uma vez que elas precisam ser ingeridas para atuar como inseticida, a lavagem pela chuva ou irrigação reduz a eficiência. O segundo motivo é devido à sua degradação pela luz solar.

Por estas razões a solução encontrada foi inserir genes específicos de Bacillus thuringiensis nas plantas de milho por meio da aplicação de técnicas de Engenharia Genética de Plantas e, assim, desenvolver o milho Bt.


Bactérias nova arma contra a dengue
Nada de inseticidas, os pesquisadores estudam através da biotecnologia formas de combate ao mosquito Aedes aegypti transmissor da dengue e febre amarela, usando de controle biológico, cientistas pesquisam a bactéria Wolbachia que é capaz de deixar o “mosquito doente” diminuindo sua expectativa de vida e fertilidade.

Morrendo antes o Aedes tem menos tempo para transmitir as doenças, dizem os pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, que publicaram na revista americana “Science” um artigo sobre estes estudos. Eles infectaram mosquitos com o micróbio e o resultado foi diminuição de meia vida do inseto, com isso o virus transmitido pelo mosquito não consegue completar a fase de aclimatação que depende de um certo tempo no interior do A.egypti, com sua morte prematura não há tempo para a transmissão e com menos mosquito menos chance de proliferação da doença.

Na natureza a bactéria infecta diversas espécies de insetos, mas, o Aedes não fazia parte do cardápio sendo introduzida neles pelos cientistas.
Os pesquisadores acreditam que seria possível infectar populações de insetos na natureza, porém todo trabalho científico que envolve controle biológico precisa ser estudado muito bem, devido aos grandes impactos que podem surgir a partir da indrodução de organismos ou bactérias na natureza, já que trata=se de espécies exóticas que não pertencem aquele habitat, não possuindo predador ou controle natural para este intruso, podendo se tornar outra ameaça.

Revelada estrutura da enzima responsável pelo vírus da SIDA

Integrase é a proteína do HIV descodificada
Integrase é a proteína do HIV descodificada
Pela primeira vez em 20 anos foi desvendada uma peça chave do puzzle do HIV.

Custou décadas e muitos fracassos, mas uma equipa de investigadores do Imperial College de Londres e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, conseguiu finalmente encaixar uma peça necessária para decifrar a complexidade do vírus da imunodeficiência humana.
Os cientistas desenvolveram um cristal que revela a estrutura da integrase, a proteína que se encontra no interior do vírus e que infecta o organismo, como a utilizada para copiar e passar a informação genética para as células.

O papel desta proteína é tão importante que uma das famílias de fármacos já utilizada actualmente actua sobre ela para controlar a infecção.

No entanto, como até agora se desconhecia a estrutura da interna da proteína, também não se sabia exactamente como funcionavam os ditos medicamentos

“Desmascarar a integrase ajudará os investigadores a melhorar a terapia actual, a evitar as resistências e acima de tudo desenvolver novos tratamentos”, explicaram os cientistas no trabalho publicado na revista Nature.

Proteína revelada a três dimensões

Para conseguir ver esta proteína em três dimensões, algo que muitos outros investigadores tentaram sem sucesso nos últimos anos, a equipa, dirigida por Peter Cherepanov, desenvolveu um cristal a partir de uma versão da proteína sacada de um antiretroviral denominado Prototype Foamy Virus (PFV) − idêntico ao HIV.
Peter Cherepanov, investigador
Peter Cherepanov, investigador
Foram precisos quatro anos e 40 mil ensaios para dar lugar a sete tipos de cristais. No entanto, apenas um destes tinha qualidade suficiente para ser possível visualizar a estrutura da proteína em três dimensões.
Assim que desenvolvido, o cristal foi submerso em soluções que continuam os fármacos inibidores desta enzima, nomeadamente o Raltegravir e o Elvitegravir. Deste modo, os responsáveis pelo estudo puderam observar pela primeira vez como actuam os medicamentos na inibição da proteína.
Este trabalho mostrou que a estrutura da integrase é diferente do que se acreditava. “Tem sido uma história muito emocionante. Quando começamos o projecto sabíamos que era muito difícil e que muitos tinham tentado o mesmo anteriormente. Porém, começamos pouco a pouco e apesar de fracassarmos muitas vezes, não desistimos. No final o nosso esforço foi recompensado”, conclui Cherepanov.
Fonte: Ciência Hoje

Metodologia Científica


A palavra método vem do grego μέθοδος (méthodos), (caminho para chegar a um fim). O método científico é um conjunto de regras básicas para desenvolver uma experiência a fim de produzir novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. Na maioria das disciplinas científicas consiste em juntar evidências observáveis, empíricas (ou seja, baseadas apenas na experiência) e mensuráveis e as analisar com o uso da lógica. Para muitos autores o método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência.
Links úteis:
Metodologia científica
Metodologia Científica- site
metodologia científica_SUMÁRIO
Artigos em pdf:
Metodologia_científica- pdf-132.66 kb
Texto_AlexCarvalho_MetodologiaCientifica.pdf-258.47 kb

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Introdução à biologia ppt


Baixe o ppt contendo informações sobre o estudo da biologia - 1,8 MB. Clique na imagem.

Imagens de animais nascidos em cativeiro



Apesar de 2010 ser o Ano Internacional da Biodiversidade, não há muito o que comemorar. Pesquisadores estimam que 150 espécies sejam extintas todos os dias no mundo. Segundo o secretário da Convenção sobre a Diversidade Biológica da ONU, Oliver Hillel, o lançamento das atividades pelas Nações Unidas em 10/01/2010, em Berlim, na Alemanha, e no Brasil, também servem para colocar o tema no foco das discussões. Ele reforça que, junto com a questão das mudanças climáticas, a perda da biodiversidade é o maior desafio para a humanidade atualmente. Por isso, durante este ano, serão promovidas atividades em todo o mundo para conscientizar a população.

Sibutramina- como age no nosso organismo?


A sibutramina é um fármaco utilizado no tratamento da obesidade, com mecanismo de ação diferente da d-fenfluramina e d-anfetamina (Heal et al., 1998).
No Brasil, pode ser encontrada nas dosagens 10 mg e 15 mg, sendo vendida mediante prescrição médica e retenção de receita. A sibutramina pode ser encontrada sob duas formas, sal anidro e "cloridrato monoidratado de sibutramina", sendo que a sibutramina anidra A não possui estudos clínicos de eficácia e segurança e tem origem desconhecida; portanto, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe a sua importação no Brasil.
Seu mecanismo de ação justifica a inclusão da sibutramina na categoria dos medicamentos inibidores seletivos da recaptação da serotonina e norepinefrina. Desta forma, a sibutramina se diferencia claramente das outras categorias de agentes capazes de reduzir peso.
História
Foi desenvolvido inicialmente como antidepressivo no final de 1980. Nos ensaios clínicos foi verificado que o medicamento reduzia o apetite. Então, sob o nome Meridia®, foi comercializado nos EUA e Alemanha. Em 1999, ganhou o nome de Reductil®.[1]
Em 2010, a EMEA (European Medicines Agency), recomendou a suspensão da venda de sibutramina, devido ao aumento do risco de acidentes cárdio vasculares[2]No Brasil, o medicamento continua a ser vendido, apesar de algumas orientações da Anvisa sobre 37 notificações ocorridas em 2009 e a possibilidade de ocorrência de aumento de pressão arterial e arritmias, que já constam como adversas na bula do medicamento.[3]
Mecanismo de ação
O cloridrato monoidratado de sibutramina é um agente antiobesidade que exerce primariamente suas ações terapêuticas por meio de seus metabólitos ativos, mono-desmetil M(1) e di-desmetil M(2), por bloquear de maneira efetiva a recaptação da serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT), norepinefrina, e dopamina. A droga e seus metabólicos se ligam fracamente aos receptores de serotonina (5-HT(1), 5-HT(1A), 5-HT(1B), 5-HT(2A) e 5-HT(2C)), dopamina (D(1) e D(2)), norepinefrina (beta, beta(1), beta(3), alfa(1) e alfa(2)), benzodiazepina e glutamato (N-metil-D-aspartato (NMDA)). Não possui qualquer atividade anticolinérgica ou antiistaminérgica e não estimula a liberação de serotonina, norepinefrina ou dopamina.
Controle
Sua venda é controlada pela Portaria SVS/MS 344, de 1998, com retenção de receita, estando classificada como substância sujeita a controle especial, não sendo necessária emissão de "Guia de Retirada de Substâncias/Medicamentos Entorpecentes ou que determinem Dependência Física ou Psíquica". Sibutramina não está classificada pela Anvisa como uma substância psicotrópica anorexígena como a anfepramona ou femproporex. Está classificada como sacietógeno (aumenta a saciedade).
Referências

1. Manual de farmacoterapia
2. EMEA (21 de janeiro de 2010). Suspensão da comercialização. European Medicines Agency. Página visitada em 21 de janeiro de 2010.
3. Estadão. "Anvisa alerta sobre remédio para emagrecer sibutramina". . (página da notícia visitada em 01/02/2010)

Bibliografia

* Heal DJ, Aspley S, Prow MR, Jackson HC, Martin KF, Cheetham SC (1998). "Sibutramine: a novel anti-obesity drug. A review of the pharmacological evidence to differentiate it from d-amphetamine and d-fenfluramine". Int J Obes Relat Metab Disord 22 Suppl 1: S18–28. PMID 9758240.
* PsiqWeb. Sibutramina. Farmacologia. Página visitada em 27 de Setembro de 2007.

Brasileiro abusa de remédios para emagrecer

Um deles acaba de ser proibido na Europa - mas continua sendo vendido no Brasil com retenção da receita.
Vale a pena correr o risco de morrer para ficar mais bonito? A insatisfação com o próprio corpo levou a jornalista Lanusse Martins, de 27 anos, a fazer uma lipoescultura - uma cirurgia em que a gordura em excesso em algumas partes do corpo é retirada e injetada novamente em outro lugar.

Durante a operação, ela teve uma veia do rim direito perfurada e isso provocou uma hemorragia interna. O médico Haeckel Cabral foi indiciado por homicídio doloso, em que há a intenção de matar, porque não tomou as medidas necessárias para salvar a vida da jornalista.

Só que esta não foi a única notícia que chamou a atenção para a corrida pela vaidade.

Em Goiás, a Justiça federal proibiu o médico Áureo Ludovico de fazer cirurgias bariátricas usando uma técnica que ainda não foi aprovada pelos órgãos de saúde. A multa estipulada pela Justiça foi de R$100 mil no caso de descumprimento da ordem. O médico retirava um pedaço do estômago e outro do intestino delgado - que era recolocado em outra posição para produzir hormônios, entre eles a insulina. Com mais insulina no corpo, o paciente emagrecia.
E além de cirurgias, o brasileiro também abusa de outro facilitador do emagrecimento - os medicamentos. Um estudo das Nações Unidas aponta que o Brasil está entre os maiores consumidores do mundo de remédios para emagrecer.
Um deles acaba de ser proibido na Europa - mas continua sendo vendido no Brasil com retenção da receita.
A sibutramina chegou ao mercado oferecendo tudo que quem quer perder peso gostaria de ouvir: Emagrecimento rápido e praticamente sem efeitos colaterais.
“Sou preguiçosa, não gosto de fazer exercício, parecia solução mágica e resolvi testar”, conta a estudante Litha Bacchi.
No começo, foi só encanto. “Emagreci 11 quilos. Estava com 86kg e fiquei com 75kg”, diz a estudante.
A sibutramina age no cérebro ajudando a aumentar os níveis de serotonina e noradrenalina - neurotransmissores que regulam as emoções. Mas ao impedir que esses neurotransmissores sejam recaptados, cria um efeito colateral poderoso: reduz o apetite.
Só que também provoca outras reações.
“Eu fiquei muito agitada, muito agitada mesmo. Quando eu fui trabalhar, fiz um monte de besteira por falta de atenção porque eu não conseguia focar”, lembra Litha.
Era mesmo bom demais pra ser verdade. A sibutramina acaba de ser proibida em todos os países da União Europeia. Um estudo mostrou que a substância aumenta o risco de doenças cardiovasculares graves, como derrame e ataque cardíaco em paciente obesos que já têm história de doenças cardiovasculares.
No Brasil, por causa do mesmo estudo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária fez um alerta a médicos e farmacêuticos.
“É preciso observar com muito mais cuidado os pacientes que tenham risco cardíaco já pré-estabelecido. Se houver opções de substituição, devem ser utilizadas”, alerta Dirceu Raposo de Mello, presidente da Anvisa.
A Anvisa recomenda os pacientes que já estão tomando sibutramina que conversem com seus médicos para saber se continuam ou não o tratamento. A Agência ainda vai decidir se vai tornar mais difícil a compra ou retirar do mercado um dos medicamentos mais vendidos do país. Foram quase duas toneladas em 2009.
Em uma reunião dos Vigilantes do Peso, são frequentes os casos assim. “Realmente, eu tive arritmia cardíaca. Eu falei pra ele, e ele mandou parar imediatamente”, conta a aposentada Cleo Strunck de Freitas. “Eu tinha histórico. Já tinha sido safenada em 1999”.
A enfermeira Patrícia Mendes, com 1m70 e 86 quilos, chegou ao consultório do cardiologista com sintomas preocupantes. “Tive pico hipertensivo e taquicardia. É uma coisa desesperadora, fiquei apavorada. E os tremores, coisa que você não consegue controlar”, conta ela.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia é categórica: o medicamento só é indicado para quem tem obesidade mórbida ou Índice de Massa Corporal acima de 30. O cálculo é feito dividindo o peso pelo quadrado da altura. Ou então, paciente com sobrepeso que tenha diabetes, por exemplo.
“Nós estamos lidando no Brasil com mais de 40% da população com sobrepeso e mais de 10% da população com obesidade. Isso favorece uma série de outras doenças, inclusive aumenta a mortalidade cardiovascular. Se nós pudermos tratar essas pessoas antes que elas desenvolvam essas complicações, será um benefício extraordinário para essas pessoas, e elas provavelmente vão se beneficiar em alguns casos do uso do medicamento, como a sibutramina”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo, Ricardo Meirelles.
Além de reduzir o apetite, essa substância acelera o metabolismo. Isso significa que a pessoa gasta mais calorias fazendo as atividades normais do dia a dia. Só que quando a medicação é suspensa, o peso perdido volta rápido, porque aí volta a valer uma regra da qual ninguém escapa: quem quer manter o peso, manter o equilíbrio, sabe que tudo que come em um dia precisa ser gasto em atividades físicas. Quem quer perder peso precisa comer pouquinho e gastar muito mais energia. Agora, quem insiste em comer mais e gastar menos energia, não tem jeito, acumula peso.
“A gente sempre fala que a mente tem que emagrecer primeiro. Antes, eu via o alimento, enquanto não visse o fim, eu não parava de comer. Hoje em dia, não. A gente tem que mudar a mente. Quando a cabeça muda, o corpo emagrece junto”.
Fonte: G1.com.br/fantástico

domingo, 31 de janeiro de 2010

Amor ao primeiro cheiro?

Possível papel de proteínas do sistema imune na seleção de parceiros em humanos


Os amantes, tela de 1923 do pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973).

O sistema imune foi evolutivamente moldado para a defesa de nosso organismo contra a invasão de agentes estranhos como vírus e bactérias e para impedir o desenvolvimento de doenças como o câncer. Ele é capaz de distinguir entre as moléculas do indivíduo e aquelas estranhas ao seu organismo. Sua atuação depende em grande parte do complexo principal de histocompatibilidade, mais conhecido a partir de sua abreviatura inglesa MHC.

O MHC é uma região cromossômica que ocorre em todos os vertebrados mandibulados e que tem dezenas de genes envolvidos na imunidade inata e adaptativa. Esses genes são ativados em resposta à presença de elementos “estranhos” ao organismo do indivíduo (proteínas, polissacarídeos e lipossacarídeos que não são normalmente encontrados ali). Esses elementos estranhos, conhecidos como antígenos ou imunógenos, são capazes de ativar uma reação de defesa do organismo — a reação imune.

As moléculas do MHC têm uma estrutura única para cada indivíduo. Estudos mostraram que essa diversidade é capaz de influenciar a suscetibilidade e a resistência dos indivíduos contra doenças. Há um consenso de que a batalha que a nossa espécie tem travado por milhares de anos contra patógenos tem influenciado a evolução desses genes.

Falhas na função normal do MHC costumam provocar uma imunodeficiência severa, doenças autoimunes, desenvolvimento de tumores e até a morte. O MHC influencia ainda a rejeição a enxertos e a tolerância fetal durante a gravidez. Além disso, alguns de seus genes são essenciais para o desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso e remodelamento sináptico.

Algumas pesquisas sugeriram que o MHC estaria envolvido também na função olfatória, na escolha de parceiros e na reprodução dos vertebrados. Contudo, esses estudos têm ainda enfrentado ceticismo. Mas como esse complexo poderia influenciar a seleção de parceiros? Antes de discutir isso, precisamos entender o papel da sua diversidade em diferentes indivíduos.

A variabilidade do MHC
Talvez o aspecto mais marcante do MHC seja a sua extraordinária diversidade genética. Os genes clássicos para o MHC possuem centenas de variantes (ou alelos) e estão entre os mais polimórficos do genoma humano. Esses polimorfismos ocorrem principalmente na região de ligação das proteínas produzidas pelo MHC com os peptídeos derivados dos antígenos, o que sugere que a seleção favoreça a variabilidade nesses locais. Mas que fatores podem influenciar essa diversidade?

Os alelos do MHC parecem ter sido selecionados por sua habilidade de proteger os organismos contra agentes infecciosos. No homem, por exemplo, esses alelos estão associados à resistência contra inúmeras doenças como Aids, malária, tuberculose, hepatite e lepra.

Outros estudos mostram também que a variabilidade do MHC influencia a resistência em populações silvestres de peixes, roedores, serpentes e carneiros. Esses resultados são particularmente interessantes, pois indicam o impacto desses genes sobre a adaptação de populações na natureza. Além disso, análises indicam que a presença de alelos diferentes em roedores, peixes e mesmo no homem tem tornado seus portadores mais resistentes a infecções em comparação com indivíduos que possuem alelos similares.

A diversidade do MHC talvez seja mantida nas populações devido ao valor seletivo dos alelos menos frequentes. Alelos raros ou novos são benéficos para seus portadores, pois os patógenos não estão adaptados a eles.

Seleção sexual e MHC

Por outro lado, algumas pesquisas chamaram a atenção para uma associação surpreendente (e controversa!) entre o MHC e a biologia de seus portadores. Segundo esses estudos, os genes do MHC podem estar sujeitos a um processo de seleção sexual, que influenciaria as preferências de acasalamento de seus portadores e proporcionaria a geração de uma prole mais resistente imunologicamente.

Casal de faisões da espécie Phasianus colchicus. Estudos mostram que essas aves tendem a preferir parceiros que possuam alelos específicos do MHC (foto: Wikimedia Commons).

Em populações de espécies como o faisão, os indivíduos parecem selecionar parceiros que possuam alelos específicos do MHC. Nesse caso, a maioria dos indivíduos apresentará preferências similares na escolha de parceiros e esse comportamento pode gerar, após algum tempo, uma uniformidade em relação a esses genes nessa população. Para traçar um equivalente com a espécie humana, seria como se todas as mulheres se relacionassem apenas com homens parecidos com o Brad Pitt.

Em outras espécies, pesquisas mostram que os indivíduos selecionam parceiros que apresentam MHCs similares aos seus próprios — pardais são um exemplo. Já em camundongos, os casais são formados preferencialmente por indivíduos que possuem MHCs diferentes. Nesse caso, haverá uma maior gama de escolha para as populações analisadas.

Olfato e MHC
Mas como se dá a seleção de parceiros baseada no MHC? Estamos falando aqui de moléculas – proteínas codificadas pelos genes desse complexo – presentes na superfície de células específicas relacionadas com a defesa imune, um processo que ocorre muitas vezes de forma imperceptível no interior de nossos corpos.

De acordo com os resultados de alguns estudos, a percepção olfatória desempenharia um papel central nesse processo. Os fragmentos dos antígenos associados ao MHC podem ser diluídos em fluidos corporais como a urina, a saliva e o suor. Essas moléculas poderiam assim ser captadas por neurônios sensitivos olfatórios presentes em outros indivíduos, de forma a desencadear sensações agradáveis ou não.

Uma outra explicação sugere que as moléculas de MHC parcialmente degradadas poderiam transportar substâncias circulantes voláteis capazes de serem captadas por receptores olfativos. Há ainda uma terceira hipótese, segundo a qual as moléculas de MHC poderiam moldar a proliferação de populações da flora bacteriana presentes em um indivíduo. Estas, por sua vez, poderiam produzir moléculas odoríferas.

Como a diversidade de fragmentos de antígenos associados ao MHC é específica para cada indivíduo, cada um teria um padrão único de odores que podem atrair — ou não — indivíduos do sexo oposto.

MHCs e seleção sexual no homem
Ainda há muita controvérsia quanto à influência dos genes do MHC sobre as preferências de acasalamento em seres humanos. A maioria das pesquisas sobre o assunto foi realizada a partir da análise da relação entre a preferência por odores corporais e a variabilidade de MHCs em grupos de indivíduos selecionados.

Em um exemplo bem conhecido, estudantes universitários foram analisados com relação ao prazer que sentiam após serem expostos a odores presentes em camisetas utilizadas por pessoas que possuíam MHCs similares ou diferentes. Em geral, as mulheres preferiram odores de homens com MHCs diferentes dos seus. Esse padrão foi o oposto em mulheres que tomam anticoncepcionais. Os homens, por sua vez, também preferiram mulheres com MHCs diferentes, embora os resultados não fossem significativos nesse caso.

Uma pesquisa realizada recentemente por uma equipe chefiada por Maria da Graça Bicalho, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apontou uma associação entre o MHC e a atração entre casais. Realizado com 90 casais e apresentado em um congresso da Sociedade Europeia de Genética Humana em Viena, Áustria, o estudo concluiu que, inconscientemente, as pessoas tendem a escolher como parceiros indivíduos que apresentem diferenças significativas em relação a seu próprio MHC.

Obviamente, existe uma série de outros fatores envolvidos na escolha de parceiros entre nós, humanos. Fatores sociais e comportamentais são sem dúvida preponderantes nessa escolha. Mas quem poderia imaginar que talvez também estejamos escolhendo nossos amores pelo cheiro?

Descoberta de proteína pode ser solução para Alzheimer

Investigador Étienne-Émile Baulieu acredita que dentro de 10 anos se possa encontrar cura para a doença


Em três anos será possível fazer
o diagnóstico precoce da doença
Étienne-Émile Baulieu, médico francês conhecido como o pai da pílula do dia seguinte, anunciou esta semana a descoberta de uma proteína que pode servir para combater a doença de Alzheimer bem como outras formas de demência.

A descoberta, publicada na revista norte-americana «Proceedings of the National Academy of Sciences», é também útil para o diagnóstico precoce da doença, explica o investigador.


Nas experiências laboratoriais, a equipe liderada por Beaulieu, do Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica francês (INSERM), descobriu o que pode ser uma importante interacção entre dois tipos de proteínas.

Essas proteínas são a que se encontra anómala nos casos dos doentes com Alzheimer e outra que destrói a primeira, chamada FKBP52. Potencializando esta pode-se conseguir criar um medicamento que trave a evolução da doença.

O desenvolvimento deste fármaco pode demorar ainda muito tempo, mas o médico acredita que em três anos será possível conseguir fazer um diagnóstico precoce da doença.

Certos marcadores bioquímicos da doença aparecem, provavelmente, 10 ou 15 anos antes de existirem sintomas.

Depois de se ter um conhecimento mais claro sobre o perfil de funcionamento destas proteínas é possível, acreditam os investigadores, que em 10 anos se encontre uma cura.

Nos próximos meses vão decorrer ensaios clínicos a partir desta descoberta no Hospital Charles Foix de Ivry, especializado em geriatria, nas imediações de Paris.

Descoberta de proteína pode ser solução para Alzheimer

Investigador Étienne-Émile Baulieu acredita que dentro de 10 anos se possa encontrar cura
para a doença

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Em três anos será possível fazer
o diagnóstico precoce da doença
Étienne-Émile Baulieu, médico francês conhecido como o pai da pílula do dia seguinte, anunciou esta semana a descoberta de uma proteína que pode servir para combater a doença de Alzheimer bem como outras formas de demência.

A descoberta, publicada na revista norte-americana «Proceedings of the National Academy of Sciences», é também útil para o diagnóstico precoce da doença, explica o investigador.


Nas experiências laboratoriais, a equipa liderada por Beaulieu, do Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica francês (INSERM), descobriu o que pode ser uma importante interacção entre dois tipos de proteínas.

Essas proteínas são a que se encontra anómala nos casos dos doentes com Alzheimer e outra que destrói a primeira, chamada FKBP52. Potenciando esta pode-se conseguir criar um medicamento que trave a evolução da doença.

O desenvolvimento deste fármaco pode demorar ainda muito tempo, mas o médico acredita que em três anos será possível conseguir fazer um diagnóstico precoce da doença.

Certos marcadores bioquímicos da doença aparecem, provavelmente, 10 ou 15 anos antes de existirem sintomas.

Depois de se ter um conhecimento mais claro sobre o perfil de funcionamento destas proteínas é possível, acreditam os investigadores, que em 10 anos se encontre uma cura.

Nos próximos meses vão decorrer ensaios clínicos a partir desta descoberta no Hospital Charles Foix de Ivry, especializado em geriatria, nas imediações de Paris.