Ano passado, nossos noticiários só falavam sobre aquecimento global. Tema abordado desde documentários internacionais até programas da tarde sobre fofoca (mesmo que de maneira totalmente imbecil). Porém, nos últimos meses, este tema não tem tomado tanto tempo nos noticiários como antes. O aquecimento global parou? Bem, acho que tudo é questão de moda mesmo. Não deve estar dando tanto ibope quanto antes. Nossa imprensa tem se resumido a comentar sobre essas milhares de cúpulas que antecipam Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas. Conferência esta que deverá trazer o assunto a pauta de conversa cotidianas de novo (quem nunca ouviu esse assunto sendo abordado em elevadores???)
Na última semana, dois estudos bastante interessantes foram publicados em periódicos científicos internacionais. O primeiro, aponta evidências que a atual concentração de CO2 na atmosfera só encontra precedentes a pelo menos 15 milhões de anos atrás. Isto é, a última vez que nosso planeta teve concentrações tão altas assim foi a 15 milhões de anos atrás. Sim, e daí? E daí, nessa época, nosso planeta era bem diferente. Nessa época, por exemplo, não existia gelo no ártico. Voltando um pouquinho mais, 20 milhões de anos atrás, a concentração de CO2 atmosférico era de 400ppm e nossa temperatura era apoximadamente 3°C mais elevada. A atual concentração gira em torno de 300ppm. Sendo o mais impressionante que entre 600 e 900ppm prevê-se não existir mais calotas polares no nosso planeta. Isso mesmo, poderá não existir mais gelo na superfície terrestre.
Já no segundo estudo, para quem pensava que a situação é grave, o cenário é tão preocupante quanto. A produtividade do estoque peixeiro das regiões tropicais poderá reduzir em 40%, enquanto em regiões temperadas a taxa apresentará aumento de 30 a 70%. Projeções para 2025 apontam aumento no potencial de captura na Noruega, Groelândia e a costa leste da Russia, enquanto que na China, Indonésia, Chile e EUA haverá diminuição. Agora, observem os países em que o potencial diminuirá. São países extremamente populosos, onde frutos do mar são tradição na dieta nativa, sendo que em alguns lugares, são as únicas e principais fontes alimentares. Os trópicos sofrerão com grandes perdas de espécies (tanto por extinção, como com migração para áreas de maiores latitudes).
Mas o por quê apresento esses dados? Isso nos serve para mostrar que, cada vez mais, os possíveis cenários futuros apontam grandes transformações bióticas e abióticas no nossa planeta. Além disso, a problemática das emissões de gases estufa continua mais atual do que nunca. E alerto para que todos se preparem para o próximo relatório do IPCC, se o último já foi assustador, o próximo será horripilante. Sem levar em conta a origem antrópica ou natural, em relação as consequências, o consenso científico aumenta cada vez mais.
Fonte: Blog Discutindo Ecologia
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