terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O Pantanal (Brasil) e sua biodiversidade

Há mais de dez anos, o trabalho incansável dos biólogos ajuda a proteger aves que estão ameaçadas. É arrebatador. No coração da América do Sul, pulsa um paraíso natural. O Pantanal tem 200 mil quilômetros quadrados. A maior parte, mais de 140 mil quilômetros quadrados, está no Brasil, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
São caminhos que os pesquisadores Arnildo e Vali Pott conhecem bem. Em quase 30 anos, eles já identificaram cerca de duas mil plantas pantaneiras. O bioma tem espécies de diferentes regiões – como o mandacaru da caatinga, o cambará da Amazônia.
-“A semente é levada pelo vento”, comenta o engenheiro agrônomo Arnildo Pott.
Diversidade também no céu e nas árvores: mais de 400 espécies de aves, como cabeças-secas, tuiuiús, garças. Há mais de dez anos, o trabalho incansável dos biólogos ajuda a proteger as que estão ameaçadas.
A paisagem também guarda fenômenos intrigantes: lagoas de água salgada, onde nem jacaré vive. Nas margens, areia fina feito de praia. Diz a lenda que o Pantanal já foi o mar dos xaraés. Será?
“Mar não. Foi provavelmente um grande deserto”, diz o geólogo da USP Paulo Boggiani.
O geólogo e professor da USP, Paulo Boggiani, explica que o Pantanal é fruto das mudanças climáticas: “Provavelmente não tinha essa vegetação. Era toda essa areia se movimentando. Com a entrada de um clima um pouco mais úmido, por volta de cinco, seis mil anos atrás, a vegetação vai se colocando e segurando essa paisagem. Acho que isso é importante ressaltar: que essa paisagem se mantém em função da vegetação”.
Refúgio de 120 espécies de mamíferos. Bichos ameaçados pelo desmatamento - que se revela nas carvoarias. O que encanta no Pantanal é a capacidade da natureza de surpreender os visitantes. A paisagem muda a cada estação. O equilíbrio depende do sobe e desce das águas. Os ciclos de cheias e secas renovam a vida pantaneira todos os anos.
Mas mesmo esta incrível capacidade de renovação sofre com a pesca predatória e ilegal. A Embrapa já dispõe de um banco de sêmen de peixes nobres - uma garantia de repovoamento no futuro.
O Pantanal é lugar de gente corajosa, simples, que entende os sinais da natureza. Em 35 anos como peão pantaneiro, João viu a paisagem mudar: “Mudou bastante, principalmente a cheia, que em um tempo desses agora era época da cheia, agora está seco”.
Quem vive aqui conhece os contrastes, o que muito brasileiro não sabe é que o Pantanal tem dono: menos de 2% é de terras públicas.
Para pantaneiros tradicionais, abrir as porteiras ao turismo e ganhar dinheiro com preservação pode ser uma solução. O desafio de todos é manter a paisagem assim.

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