Os gregos antigos acreditavam que a dor fosse uma emoção. Hoje, embora ainda possamos chorar de dor ou morrer de felicidade quando ela se vai, a ciência classifica a dor como uma sensação. Assim como outros sentidos - olfato ou paladar - a dor necessita de órgãos especiais para a detecção e informação ao SNC. Estes receptores para a dor foram chamados de nociceptores - um trocadilho com a palavra "nocivo".
A busca por estes receptores foi uma luta contínua na ciência. Nem todos foram plenamente estudados, ainda, mas a grande parte dos mecanismos associados ao início e propagação dos impulsos da dor ja é conhecida. Os nociceptores são ativados por, basicamente, 4 tipos de estímulo: mecânico, elétrico, térmico ou químico. A ativação dos nociceptores é, em geral, associada a uma série de reflexos, tais como o aumento do fluxo sanguíneo local, a contração de musculos da vizinhança, mudanças na pressão saguínea e dilatação da pupila. Uma das primeiras descobertas foi a da ação das prostaglandinas sobre os nociceptores. Quando um tecido é injuriado, tal como por uma infecção ou queimadura solar, as suas células liberam prostaglandinas e leucotrienos, que aumentam a sensibilidade dos nociceptores. Hipersensibilizados, os nociceptores são capazes de transformar em dor qualquer impulso, mesmo que mínimo: lembra-se de como doi simplesmente o toque sobre a pele queimada? Este fenômeno é um mecanismo de defesa do organismo e é conhecido como hiperalgesia.
Varios fármacos interferem com o ciclo de produção das prostaglandinas, tal como a aspirina, e reduzem a sensibilização destes tecidos. O bloqueio da sintese ou ação dos leucotrienos também é um alvo dos analgésicos farmacêuticos.
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Os nociceptores são ligados ao SNC por intermédio de fibras nervosas, de três tipos. Fibras Aa, Ad e C. As fibras-Aa têm cerca de 10 mm de diâmetro e são envoltas por uma grossa camada de mielina. Elas conduzem impulsos nervosos na velocidade de 100 metros/segundo. Elas transimitem, também, outros estimulos não dolorosos. As fibras-Ad têm menos do que 3 mm de diâmetro e são encapadas com uma fina camada de mielina. Elas transmitem mais lentamente do que as anteriores: apenas 20 metros/segundo. As mais lentas, entretanto, são as fibras-C; estas fibras não são encapsuladas e têm, no maximo, 1 mm de diâmetro. A transimissão ocorre a não mais do que 1 metro/segundo. Todas as fibras levam os impulsos até a corda espinhal; esta, conduz a informação até o tálamo. Então, é neste momento que a dor é detectada: quando a informação atinge o tálamo.
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O processo evolucionário nos lotou de nociceptores pelo o corpo inteiro. Algo óbvio, pois a sensação da dor é algo extremamente benéfico e importante para nos alertar da injuria ou moléstia, instruindo-nos a tomar atitudes no sentido de corrigir esta situação indesejada. Entretanto, a mais notória excessão é o cérebro: no cérebro não existe nociceptores. Este orgão é completamente insensível à dor. Isto explica a famosa cena do filme Hannibal, onde o personagem Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) degusta, lentamente, porções do cérebro do seu rival Krendler (Ray Liotta), o qual parece ameno ao episódio e, inclusive, prova um pouco da iguaria. A meninge (membrana que encapsula o cérebro), entretanto, é repleta de nociceptores.
Tipos de Dor |
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