Pela primeira vez em 20 anos foi desvendada uma peça chave do puzzle do HIV.Integrase é a proteína do HIV descodificada
Custou décadas e muitos fracassos, mas uma equipa de investigadores do Imperial College de Londres e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, conseguiu finalmente encaixar uma peça necessária para decifrar a complexidade do vírus da imunodeficiência humana.
Os cientistas desenvolveram um cristal que revela a estrutura da integrase, a proteína que se encontra no interior do vírus e que infecta o organismo, como a utilizada para copiar e passar a informação genética para as células.
O papel desta proteína é tão importante que uma das famílias de fármacos já utilizada actualmente actua sobre ela para controlar a infecção.
No entanto, como até agora se desconhecia a estrutura da interna da proteína, também não se sabia exactamente como funcionavam os ditos medicamentos
“Desmascarar a integrase ajudará os investigadores a melhorar a terapia actual, a evitar as resistências e acima de tudo desenvolver novos tratamentos”, explicaram os cientistas no trabalho publicado na revista Nature.
Proteína revelada a três dimensões
Para conseguir ver esta proteína em três dimensões, algo que muitos outros investigadores tentaram sem sucesso nos últimos anos, a equipa, dirigida por Peter Cherepanov, desenvolveu um cristal a partir de uma versão da proteína sacada de um antiretroviral denominado Prototype Foamy Virus (PFV) − idêntico ao HIV.
Peter Cherepanov, investigador |
Assim que desenvolvido, o cristal foi submerso em soluções que continuam os fármacos inibidores desta enzima, nomeadamente o Raltegravir e o Elvitegravir. Deste modo, os responsáveis pelo estudo puderam observar pela primeira vez como actuam os medicamentos na inibição da proteína.
Este trabalho mostrou que a estrutura da integrase é diferente do que se acreditava. “Tem sido uma história muito emocionante. Quando começamos o projecto sabíamos que era muito difícil e que muitos tinham tentado o mesmo anteriormente. Porém, começamos pouco a pouco e apesar de fracassarmos muitas vezes, não desistimos. No final o nosso esforço foi recompensado”, conclui Cherepanov.
Fonte: Ciência Hoje
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