quarta-feira, 24 de março de 2010

Genética humana influencia transmissão de Paludismo

Hemoglobina C aumenta três vezes mais risco de infecção

Maioria de infectados são crianças africanas
Maioria de infectados são crianças africanas
O Paludismo continua a matar e os investigadores continuam a tentar travá-lo. Uma equipa de cientistas internacional, do Instituto de Investigação para o Desenvolvimento (Institut de Recherche pour le Développement – IRD), em Paris, acabou de descobrir que variações genéticas do ser humano podem influenciar o nível de transmissão da doença. Os resultados do estudo, levado a cabo no Oeste da África, são publicados hoje na «Nature Genetics».

O ciclo de transmissão não é discreto. Aliás, o número de casos de óbitos declarados ascende os 70 por cento, entre 2000 e 2006 (segundo a ONU). O Paludismo é uma das doenças que mais mata no planeta e chega a um milhão de mortos no mundo, sendo que a maioria são crianças africanas.

A maleita é provocada por parasitas do tipo Plasmodium e transmitida por intermédio de picadas de mosquitos infectados. O ciclo de transferência é subtil já que os próprios insectos se infectam a eles quando atacam um ser humano já portador do vírus.

Quando a doença já está em desenvolvimento no organismo humano, o parasita multiplica-se no sangue. Alguns tipos de hemoglobina mutantes (HbC e HbS) podem proteger contra um Paludismo agravado. Tendo em conta este fenómeno, os investigadores do IRD em parceria com colegas africanos e italianos decidiram tentar perceber se estas variações de hemoglobina influenciam a transmissão do parasita do homem aos mosquitos vectores.

Parasitas do tipo Plasmodium transmitidos através de picadas
Parasitas do tipo Plasmodium transmitidos através de picadas
Hemoglobina C


Neste contexto, quatro mil pessoas, habitantes no Oeste da África rural, foram alvos de um estudo parasitológico; assim como experiências de transmissão experimental com seis mil mosquitos ‘in vivo’ – que picam homens com diferentes tipos de hemoglobina – e ‘ex-vivo’ – que se alimentam através de uma membrana de sangue com variações genéticas.

Como resultado, os investigadores constataram que o risco de transmissão de Plasmodium falciparum, do ser humano para o insecto, aumenta três vezes mais quando o sangue infectado provém de indivíduos com hemoglobina C.
Fonte: Ciência Hoje PT

Embora ainda falte esclarecer alguns mecanismos, a conclusão do trabalho mostra que a variação genética influencia o tipo de resistência que cada indivíduo pode ter perante uma determinada doença infecciosa, mas a dinâmica de transmissão também tem o seu peso. Entretanto, a equipa de investigação irá prosseguir com mais estudos na outra extremidade do país africano.

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