Descoberta altera em um milhão de anos capacidade dos antepassados
Ilustração de Australopithecus afarensis |
Os fósseis serviram para demonstrar, segundo a investigação publicada hoje na Nature, que os congéneres da famosa Lucy, ou seja, os Australopithecus afarensis, utilizavam, há 3,4 milhões de anos, pedras afiadas para tirar a carne dos ossos das presas. As marcas revelam ainda que, através das ferramentas, tentavam chegar à medula, cujo teor nutritivo é elevado.
Esta descoberta atrasa quase um milhão de anos esta capacidade dos antepassados da nossa espécie. Até agora, as ferramentas mais antigas encontradas datavam de 2,6 ou 2,5 milhões de anos, como recordam no estudo Shannon McPherron, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva da Alemanha e o etíope Zeresenay Alemseged, da Academia de Ciências da Califórnia.Este tipo de utensílios era atribuído ao Homo habilis, cujo crânio era 40 por cento maior do que o Australopithecus.
No ano passado, os paleoantropólogos encontraram uma costela de um mamífero do tamanho de uma vaca e o fémur de um antílope. Ambos tinham sinais que, como se descobriu posteriormente através de microscópios electrónicos e espectógrafos, eram da mesma época dos fósseis.
Shannon McPherron, arqueólogo |
Para Alemseged, “a descoberta adianta muito o momento até agora conhecido. Os nossos antepassados alteraram completamente as regras do jogo”.
O uso de utensílios de pedra modificou a forma como exploravam o território e o tipo de alimentos consumidos.
Pedras de outros lugares
No entanto, ainda não se sabe se eram capazes de fabricar os próprios instrumentos. O lugar onde foram encontrados é rico em sedimentos vulcânicos e não havia pedras com a qualidade necessária para fazer o tipo de cortes. Acredita-se as que tenham trazido de outros lugares a vários quilómetros de distância.
São vários os enigmas que se abrem com mais esta descoberta. Até ao momento a utilização de ferramentas de pedra com a finalidade de consumir carne de grandes animais considerava-se própria do género humano. Além disto, desde sempre esteve relacionado o consumo de carne com o aumento do tamanho do cérebro.
McPherron quer regressar à Etiópia para procurar o lugar onde os Australopitecos terão encontrado as tais pedras com o objectivo de comprovar se eram ou não capazes de as fabricar.
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