Hipóteses: o plástico pode se partir em pedaços muito pequenos para ser coletados pelas redes, indo para baixo da superfície, ou está sendo consumido por organismos marinhos
por Larry Greenemeier | ||||||
Os pesquisadores da Associação de Educação Marinha (SEA, em inglês), do Instituto Oceanográfico Woods Hole (WHOI) e da University of Hawaii (UH) descobriram, dentre outras coisas, que a quantidade de plástico coletada pelas redes dos pesquisadores permaneceu bastante estável no decorrer dos anos apesar da elevada produção e consumo de plástico da sociedade, de acordo com uma pesquisa publicada em Science Express. Mais de 64 mil pedaços de plástico foram coletados em 6,1 mil locais que forneceram amostras durante o período que compreende o estudo. Para obter esses dados, os navios carregavam redes ao longo da superfície da água em cada local e os pesquisadores usavam pinças para separar os pequenos pedaços de plástico de algas e de outros materiais coletados. Mais de 60% do plâncton de superfície que as redes coletaram tinha pedaços de plástico com alguns milímetros de tamanho. As maiores concentrações de plástico foram observadas em uma região localizada mais ou menos na latitude de Atlanta. Combinando suas medidas com um modelo computadorizado da circulação oceânica, os pesquisadores relataram que essa concentração de plástico ocorreu em uma área onde as correntes da superfície convergem, carregadas pelo vento. Os pesquisadores acreditam que isso ajuda a explicar por que os detritos se acumulam nessa região em particular, tão longe do continente. Os autores propõem um punhado de explicações possíveis para o porquê do acúmulo não ter crescido rapidamente desde sua descoberta. O plástico pode se partir em pedaços muito pequenos para serem coletados pelas redes, indo para baixo da superfície, ou está sendo consumido por organismos marinhos. Mais pesquisas serão necessárias para determinar a probabilidade de cada situação, concluem os pesquisadores. Várias expedições lançadas no final do ano passado indicam que o Oceano Pacífico também é afetado da mesma forma por grandes ilhas de lixo flutuante. O acúmulo de plástico que compõe a Grande Sopa de Lixo do Pacífico se tornou um petisco popular entre os albatrozes-de-Laysan (Phoebastria immutabilis) do local, relatou uma equipe de pesquisadores da University of Hawaii em outubro de 2009. Os pesquisadores descobriram que colônias de pássaros que vivem perto de dois acúmulos de lixo diferentes estavam comendo isqueiros, linhas de pesca e abridores de ostras provavelmente jogados no mar por membros da indústria pesqueira, além de dejetos mais comuns. De acordo com os pesquisadores, um filhote de ave do Atol Kure encontrado morto tinha 306 pedaços de plástico em seu interior. O Projeto Kaisei – uma equipe de cientistas, marinheiros, jornalistas e oficiais do governo, financiados em parte por companhias de reciclagem internacionais – também visitou a Grande Sopa de Lixo do Pacífico no ano passado. As tripulações do Kaisei e de um segundo barco (o New Horizon, que partiu do Instituto de Oceanografia Scripps, de San Diego) observaram como o plástico em decomposição durante as últimas décadas se misturou com fitoplâncton e zooplâncton e investigaram se as técnicas envolvendo redes poderiam ser usadas para limpá-los. Esses pesquisadores observaram outra razão para que um acúmulo de plástico não pareça crescer no decorrer do tempo: muito dele está concentrado em uma mistura, uma espécie de sopa, que tende a se mover conforme as correntes oceânicas e tempestades produzem alterações e ventos durante um dado ano. Uma equipe de pesquisadores da Fundação Algalita para a Pesquisa Marinha, em Long Beach, Califórnia, voltou da própria viagem de dois meses para estudar o acúmulo de lixo, em agosto passado, humilhada e desanimada pelo que viu. O cinegrafista do projeto, Drew Wheeler, concluiu: “Precisamos impedir que isso piore pela redução ou eliminação do uso de plástico não biodegradável em produtos descartáveis e na empacotação de produtos. Se a taxa cada vez maior de plástico no oceano não mudar, então eu não vejo como poderemos evitar mudanças catastróficas na saúde de nosso ecossistema marinho e, portanto, na própria vida humana.” |
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