segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Gorilas órfãos ganham refúgio em plena selva do Congo

Os animais refugiados em Grace são todos da subespécie chamada Grauer, o maior dos quatro tipos conhecidos de gorila, podendo pesar até 230 kg. Foto: The Dian Fossey Gorilla Fund International/Divulgação/BBC Brasil

Os animais refugiados em Grace são todos da subespécie chamada Grauer, o maior dos quatro tipos conhecidos de gorila, podendo pesar até 230 kg
Foto: The Dian Fossey Gorilla Fund International/Divulgação/BBC Brasil

Uma fundação com sede nos Estados Unidos criou, em plena floresta da República Democrática do Congo, um refúgio para gorilas órfãos, onde os animais podem ser tratados e preparados para voltar à vida selvagem.

O Centro de Reabilitação de Gorilas e Educação Conservacionista (Grace, na sigla em inglês) fica localizado em uma área de 140 hectares em meio à selva congolesa, na reserva natural de Tayna, podendo receber até 30 gorilas ao mesmo tempo.

Os animais hospedados em Grace foram confiscados de caçadores que os mantinham em cativeiro depois de caçar e matar seus pais para comercializar a carne ilegalmente. Depois do cativeiro, os animais seriam vendidos - vivos ou mortos.

Grace tem um centro veterinário (com atendimento clínico e área para cirurgias), dois "dormitórios" onde os animais passam a noite, um pátio interno para convívio entre eles e um observatório, de onde os gorilas podem ser vistos à distância, sem serem incomodados.

Os animais refugiados em Grace são todos da subespécie chamada Grauer, o maior dos quatro tipos conhecidos de gorila, podendo pesar até 230 kg. Os gorilas de Grauer vivem exclusivamente no leste da República Democrática do Congo.

A fundação Dian Fossey Gorilla Fund International, que deu início ao projeto Grace, afirma que o habitat destes animais está sendo cada vez mais dilapidado pela ação do homem. Em 1995, a estimativa era que existissem apenas 16 mil espécimes na região - e, segundo a entidade, o número hoje é certamente menor.

"Nós rezamos para que nenhum outro filhote seja levado por caçadores, mas nós sabemos que isto não é um pensamento realista", diz Sandy Jones, gerente da fundação. "Como o território dos gorilas de Grauer é tão vasto, e em sua maior parte inexplorado e inseguro, nós esperamos confiscar mais animais no futuro", afirma.

Quarentena
Os quatro primeiros gorilas chegaram ao refúgio em abril de 2010, com ajuda de um helicóptero da Monuc, a força de paz da ONU no Congo. Antes disso, eles passaram por uma quarentena na cidade congolesa de Goma, onde receberam os primeiros tratamentos.

Um dos gorilas tem apenas sete meses de idade e foi batizado de Kyasa. Resgatado em dezembro de 2010, o animal tinha uma ferida no quadril, causada por caçadores, além de apresentar sinais de estresse e desidratação.

Depois de um mês de quarentena em Goma, período no qual foi atendido por veterinários e tratadores, o jovem gorila recuperou a confiança. Depois de chegar em Grace, ele já é visto pendurado em árvores e tentando bater com as mãos no peito, como os adultos fazem. Hoje, Grace já abriga cinco gorilas, enquanto seis outros estão em instalações temporárias na cidade de Kinigi, em Ruanda, onde passam por uma quarentena antes de ser transferidos.

Grace diz ser o único local do mundo que reabilita gorilas com a intenção de liberá-los para a vida selvagem. O processo pode levar muitos anos, já que não existe muito conhecimento a respeito dos gorilas de Grauer. Apenas dois espécimes vivem em zoológicos em todo o mundo - ambos em Antuérpia, na Bélgica.

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