sábado, 9 de janeiro de 2010

6 doenças que você nunca soube que poderia pegar


Vírus e bactérias podem ser os responsáveis por males que achávamos que fossem causados por genes e estilo de vida inadequado.

A medicina do século XX foi notavelmente bem-sucedida no desenvolvimento de vacinas e antibióticos para combater doenças infecciosas. Antigos flagelos como catapora, tuberculose e febre tifoide foram controlados. Nas décadas de 60 e 70, a visão dominante era que todas as doenças causadas por micro-organismos logo seriam debeladas. Sobrariam apenas as causadas pela genética, pela idade e pelo estilo de vida pouco saudável.

Hoje essa ideia parece ingênua. Basta pensar no aumento da resistência aos antibióticos. E há outra razão que ninguém nem levava em consideração naquela época. Um número crescente de doenças que se pensava relacionadas à genética ou ao estilo de vida acabou mostrando ter origem infecciosa.

Um exemplo são as úlceras no estômago. Durante muito tempo acreditou-se que elas fossem desencadeadas pelo estresse. Na década de 80 ficou claro que muitos casos são provocados por uma bactéria chamada Helicobacter pylori. Uma pequena dose de antibióticos é tudo o que é necessário para curar a doença. É por isso que no Ocidente os índices de úlcera de estômago estão diminuindo.

Atualmente, os pesquisadores investigam a origem infecciosa de muitos outros males. Vários tipos de câncer podem ser causados por vírus. Algumas vezes porque eles se inserem em nosso DNA e danificam os genes que normalmente impedem as células de se multiplicar descontroladamente.

A ideia de que doenças crônicas como diabetes tipo 1 e obesidade possam ser contraídas tão facilmente quanto um resfriado é arrepiante. Mas levanta a possibilidade animadora de que elas possam um dia vir a ser tratadas com antibióticos ou drogas antivirais. Ou, talvez, evitadas com uma vacina. Qual das doenças mencionadas nas próximas páginas será a próxima a seguir o caminho das úlceras de estômago?

Obesidade

As pessoas engordam por causa de seus genes ou por que comem muito? É um debate antigo, que até agora ignorou uma terceira possibilidade: pegar o tipo errado de gripe. No fim dos anos 1980, Nikhil Dhurandhar, então médico em Bombaim, na Índia, soube que um vírus das galinhas tinha o efeito colateral inusitado de fazer as aves ficar obesas. Esse vírus pertencia a um grupo chamado adenovírus, que em humanos é conhecido principalmente por causar resfriados. Dhurandhar investigou se os adenovírus poderiam fazer as pessoas ficar gordas. Primeiro ele descobriu que um adenovírus humano chamado Ad-36 poderia fazer animais (galinhas, ratos e saguis) acumular quilos. Depois ele percebeu que 30% das pessoas obesas tinham anticorpos para o Ad-36 (sinal de que elas haviam entrado em contato com o vírus anteriormente). Apenas 4% dos magros tinham esses anticorpos.

Num primeiro momento, a teoria viral da obesidade foi ridicularizada. “As pessoas achavam que ela era um absurdo”, diz Dhurandhar. Agora, outros cientistas começam a repetir as descobertas. Oito diferentes vírus foram relacionados à obesidade em vários animais. Mas nenhum outro foi observado em humanos.

Como, então, um vírus poderia fazer alguém ganhar peso? Vários mecanismos possíveis foram levantados. O vírus parece tornar o metabolismo mais lento. Também foi demonstrado que ele pode inibir um hormônio do apetite (leptina). Dhurandhar também descobriu que, quando cultivadas em laboratório, células-tronco humanas infectadas com o Ad-36 tendem a se desenvolver como células adiposas.

Dhurandhar trabalha atualmente para a empresa de biotecnologia Obetech, com sede em Richmond, na Virgínia, nos Estados Unidos. A empresa identificou cerca de 30 substâncias que matam o vírus. Realiza também testes de uma vacina em animais. “Supõe-se que a vacina poderia ser usada na infância, mas eu não sei dizer se seria uma dose para toda a vida”, diz o presidente da Obetech, Richard Atkinson. E até lá? Tente não respirar quando alguém espirrar perto de você.

Esquizofrenia

Apreciadores de gatos tomem nota: um parasita que se esconde nas fezes de gatos pode estar ligado à esquizofrenia. Estima- -se que o Toxoplasma gondii infecta cerca de 30% da população. Ainda que ele possa desencadear abortos, na maioria das pessoas acredita-se que ele cause pouco mais que dor de cabeça e garganta inflamada.

Ao longo dos últimos anos, no entanto, surgiram evidências de que esse parasita pode ter efeitos bastante sinistros em nosso comportamento. Algumas pessoas infectadas têm sintomas como alucinações e uma forte tendência a correr riscos.

Em roedores (hospedeiros naturais do toxoplasma), o parasita entra no cérebro e torna o animal menos medroso. Eles correm mais riscos – inclusive de virar comida de gato. É assim que se completa o ciclo de vida do parasita. Cistos de toxoplasma também foram encontrados no cérebro de pessoas.

Em uma análise de 42 estudos publicada em 2007, o psiquiatra Fuller Torrey, do Instituto de Pesquisa Médica Stanley, em Chevy Chase, nos Estados Unidos, descobriu que pessoas com esquizofrenia tinham uma probabilidade quase três vezes mais elevada de ter anticorpos para toxoplasma do que as que não tinham a doença. Torrey também descobriu que pessoas que estavam tomando medicação para esquizofrenia tinham níveis mais baixos de anticorpos do que as que não tomavam esses remédios. Ele sugere que as drogas podem reduzir os sintomas em parte por atacar o parasita. Em testes de laboratório, sabe-se que elas fazem isso.

Torrey e outros pesquisadores suspeitam que o toxoplasma afete o cérebro e, de alguma forma, eleve os níveis do hormônio dopamina. Há muito tempo o excesso de dopamina tem sido associado à esquizofrenia. Acredita também que ele aumente o comportamento de risco.

No início de 2009, uma equipe liderada pelo geneticista Glenn McConkey, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, descobriu o que pode ser a prova definitiva. O grupo revelou que o parasita tem dois genes que codificam uma enzima responsável pela produção de dopamina.

Embora ela possa ter outras funções, a equipe acredita que o parasita pode fabricar dopamina para manipular o sistema nervoso de seu hospedeiro. “É um avanço muito importante”, diz a epidemiologista Joanne Webster, do Imperial College London, que há muito tempo estuda o toxoplasma.

Diversos grupos agora tentam desenvolver novas drogas para a esquizofrenia que funcionem por meio da erradicação do parasita. Os remédios existentes têm ação limitada contra a doença e podem ter efeitos colaterais desagradáveis como aumento de peso e espasmos faciais.

Cachorros são melhores do que gatos


Pelo menos no ringue os gatos levam a melhor...

A velha história de que o cachorro é o melhor amigo do homem tem seu fundamento científico.
Uma pesquisa divulgada pela revista amerciana New Scientist analisou cães e gatos em 11 categorias que incluíam inteligência, afetividade e obediência. Em um placar de 6 a 5, os caninos levaram a melhor.
Os cãezinhos entendem melhor os comandos dados pelos donos, resolvem mais problemas e são mais prestativos. Já os felinos têm os sentidos mais apurados e incomodam menos miando do que os cachorros latindo.
Apesar das vantagens caninas, os gatinhos continuam sendo os animais de estimação mais populares do mundo. São 204 milhões de felinos contra 173 milhões de caninos, em uma comparação feita entre os 10 países com o maior número de bichos de estimação.

Chiclete pode detectar malária


Nada de agulhas ou hospitais. Cientistas da Universidade da California, em Los Angeles, estão desenvolvendo um chiclete que detecta a presença da malária - atualmente feita através do exame de sangue.

A ideia é incorporar nanopartículas magnéticas na goma de mascar que só são ativadas pela presença de anticorpos presentes na saliva do paciente doente. Depois de mascado por alguns minutos, o chiclete é colocado sobre uma tira de papel onde a proteína da malária combina-se com as nanopartículas da goma gerando uma listra fina. Se ela não aparecer, é sinal de que o paciente não está contaminado. A pesquisa ainda está em desenvolvimento, mas os cientistas já procuram identificar outras proteínas presentes na saliva humana que auxiliem no diagnóstico de mais doenças.

Dor de cabeça? Sementes de tomate são a solução

Pesquisadores britânicos descobriram que um gel encontrado nas sementes de tomates auxilia na circulação sanguínea e funciona como anticoagulante, provocando um efeito semelhante ao das aspirinas.

Segundo os médicos que encabeçaram a pesquisa, o aumento da circulação anestesia sem causar os efeitos colaterais indesejados da aspirina - como sangramentos e úlceras estomacais. Os efeitos do gel de tomate aparecem após três horas do consumo e podem durar até 18 horas. O gel, é claro, já foi patenteado.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Mecanismos orientadores- migração de células germinativas primordiais: estratégias a partir de organismos diferentes

Brian E. Rocha & Ruth Lehmann
Migração de células regulamentado é essencial para o desenvolvimento e homeostase do tecido, e aberrações podem levar a uma resposta imunitária diminuída e progressão do câncer.. Células germinativas primordiais (PGC), precursores de espermatozóides e óvulos, tem de migrar todo o embrião de alcançaras células somáticas precursoras das gônadas, onde exercem as suas funções. Estudos de organismos-modelo revelaram que, apesar das diferenças importantes, vários recursos de migração PGC são conservados. PGCs exigem um programa de mobilidade intrínseco e pistas de orientação externa para sobreviver e com êxito de migrar. Orientação adequada envolve pistas tanto a atração e repulsão e é mediada por proteínas e lipídios de sinalização.
Fonte: Nature

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Estudo aponta nova herança viral no genoma humano e no de outros mamíferos

O material genético herdado de um novo tipo de vírus foi descoberto no genoma do homem e no de outros mamíferos, o que pode permitir uma maior compreensão da evolução no passado e até doenças mentais atuais, indicou nesta quarta-feira a revista Nature.

Até hoje, apenas um grupo de vírus - o dos retrovírus - era conhecido por deixar rastros no genoma dos mamíferos. Segundo o cientista Keizo Tomonaga, da Universidade de Osaka (Japão), que junto com seus colegas publicou esta pesquisa na prestigiada revista científica, aproximadamente 8% do genoma humano é constituído por elementos de antigos retrovírus.

A equipe de Tomonaga descobriu que o vírus da doença de Borna, que pode infectar as células do cérebro do homem e de outros mamíferos, integrava uma parte de seu material genético há pelo menos 40 milhões de anos.

Este vírus é responsável pela meningoencefalite animal (cavalos e carneiros). Elementos genéticos semelhantes aos destes vírus foram encontrados no genoma do homem e no de outros primatas (chimpanzé, gorila, orangotango, macaco), assim como em marsupiais, roedores e elefantes, segundo os resultados da pesquisa.

Dois dos genes encontrados no genoma do homem podem ser funcionais, mas ainda não se sabe qual seria sua função. Estudos anteriores já haviam demonstrado que elementos genéticos herdados de antigos retrovírus poderiam desempenhar um papel protetor contra certas infecções em carneiros e ratos, indicou Cedric Feschotte, da Universidade do Texas em Arlington.

Nos primatas, dois genes derivados de dois antigos retrovírus "produzem agora proteínas essenciais para a formação da placenta", explicou Feschotte à AFP.

Os retrovírus - entre os quais está o vírus da aids - precisam integrar seu material genético ao DNA da célula que infectam para modificar o funcionamento celular em benefício próprio. Este, no entanto, não é o caso do vírus da doença de Borna, motivo pelo qual encontrar traços de seus genes no genoma de mamíferos é bastante surpreendente.

A inserção de genes do vírus da doença de Borna no genoma de mamíferos (que continua sendo possível atualmente nos neurônios que contamina, segundo verificaram os cientistas) fornece uma nova fonte de mutação genética que pode explicar evoluções do passado, além da variedade de sintomas de doenças mentais atuais, acrescentou Feschotte.

Embora reconheça que tudo isso está sujeito a controvérsias, o cientista lembra que uma associação entre infecção com o vírus da doença de Borna e alguns trastornos psiquiátricos já havia sido mencionada pelos especialistas.

Nasa descobre planetas gigantes fora do Sistema Solar

O telescópio Kepler, da Nasa, detectou pela primeira vez desde que entrou em operação cinco planetas fora do nosso Sistema Solar. O tamanho dos planetas varia de um raio quatro vezes maior do que o da Terra até planetas muito maiores do que Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar.

O telescópio, que foi lançado no ano passado para procurar planetas com características semelhantes às da Terra, fez as descobertas poucas semanas depois de entrar em funcionamento.

A agência espacial americana afirma que as descobertas mostram que o telescópio está funcionando bem e tem alta sensibilidade.

Os novos planetas receberam os nomes Kepler 4b, 5b, 6b, 7b e 8b e foram anunciados em um encontro da Sociedade Astronômica Americana (AAS, na sigla em inglês), em Washington, a capital dos Estados Unidos.

Todos os planetas circulam muito proximamente às suas estrelas principais – seu sol – seguindo órbitas que variam ente 3.2 até 4.9 dias.

Esta proximidade e o fato de suas estrelas principais serem muito mais quentes do que o nosso sol significa que os novos planetas tem temperaturas extremamente elevadas, estimadas entre 1.200ºC e 1.650º C.

Densidade intrigante

“Os planetas encontrados são todos mais quentes do que lava derretida; eles simplesmente brilham de tão quentes”, disse Bill Borucki, o cientista da Nasa que lidera a missão do Kepler no centro de pesquisas Ames, em Moffett Field, Califórnia.

“De fato, os dois maiores são mais quentes do que ferro fundido e olhar para eles é como olhar para uma fornalha. Eles são muito brilhantes por si só e, certamente, não são lugares para procurarmos vida.”

O Kepler 7b vai intrigar muitos cientistas. Este é um dos planetas de mais baixa densidade já encontrado fora do sistema solar (cerca de 0,17 gramas por centímetro cúbico) já descoberto.

Segundo Borucki, a densidade média deste planeta é equivalente a do isopor, e os cientistas devem se deliciar em estudá-la para tentar entender sua estrutura.

O Kepler foi lançado da estação espacial de Cabo Canaveral em 6 de março do ano passado. Ele está equipado com a maior câmera já lançada ao espaço.

A missão do telescópio é observar mais de 100 mil estrelas de forma contínua e simultânea.

Ele percebe a presença de planetas ao observar variações de sombra quando um desses planetas passa em frente ao seu sol.

'Mundos de água'

Os detectores do Kepler têm sensibilidade extraordinária – segundo a Nasa, se o telescópio fosse voltado para uma pequena cidade na Terra, à noite, seria capaz de detectar a luz automática na entrada de uma casa quando alguém passa por ela.

A Nasa espera que tamanha sensibilidade leve à descoberta de planetas não apenas de tamanho semelhante ao da Terra, mas que orbitem em torno de seus sóis a uma distância mais favorável à existência de vida, onde haja também potencial existência de água em sua superfície.

Os cientistas da missão disseram no encontro da AAS que o Kepler mediu a existência de centenas de possíveis planetas, mas são necessárias mais investigações para estabelecer sua real natureza.

Os cientistas advertiram ainda que podem se passar anos até que seja confirmada a existência de planetas semelhantes à Terra, mas enquanto isso, as descobertas do Kepler vão ajudá-los a melhorar suas estatísticas sobre as distribuições dos tamanhos dos planetas e períodos de órbita.

A existência dos planetas identificados primariamente pelo telescópio Kepler foi confirmada por telescópios baseados na Terra, entre eles o Keck I, no Havaí.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Cientistas descobrem causa de tumor que ameaça diabo-da-Tasmânia

Cientistas na Austrália anunciaram a descoberta da fonte uma doença fatal que ameaça acabar com a população de diabos-da-Tasmânia.

Diabo-da-Tasmânia

O diabo-da-Tasmânia só é encontrado na ilha australiana

Em artigo na revista Science, a equipe de pesquisadores sugere que a chamada doença tumoral facial que atinge os animais teria origem em células que protegem os nervos.

A doença é um tipo raro de câncer que é transmitido por contato físico e pode matar rapidamente os diabos-da-tasmânia.

Por causa dela, a população desses marsupiais na ilha australiana caiu 60% na última década.

Genes

"Para examinar melhor a origem dos tumores, fizemos o sequenciamento do genes que aparecem neste câncer e os comparamos com genes que aparecem em outros tecidos do animal", explicou Elizabeth Murchison, da Universidade Nacional da Austrália em Canberra, e a principal autora do estudo.

Diabo-da-Tasmânia

Doença tumoral pode matar em até nove semanas

"Descobrimos que os tumores apresentavam genes que normalmente só aparecem em células que são encontradas no sistema nervoso periférico, que protege os nervos", disse.

Os pesquisadores colheram amostras de 25 tumores diferentes de animais em toda a Tasmânia - o único lugar do mundo onde se pode encontrar esse animal.

Os cientistas descobriram que as deformações eram geneticamente diferentes do lugar onde apareciam, mas eram iguais entre si.

Segundo Murchison, as descobertas já levaram ao desenvolvimento de um exame de diagnóstico para a doença e podem ajudar na criação de vacinas e tratamentos.

"Os diabos-da-Tasmânia são suscetíveis à vários tipos de câncer, assim como os seres humanos: mama, leucemia e outros, principalmente quando envelhecem", explicou a cientista. "Às vezes é difícil diferenciar esses tipos de câncer do tipo transmissível."

Nove semanas

A doença tumoral facial dos diabos começou a chamar a atenção dos cientistas em meados dos anos 90, quando foram encontrados vários animais com tumores faciais no nordeste da Tasmânia.

Até o fim de 2008, a doença já havia sido confirmada em 64 localidades.

Segundo os cientistas, ela se transmite através de mordidas.

O mal é altamente letal, podendo levar á morte dos animais infectados em menos de nove semanas.

O diabo-da-Tasmânia é o maior marsupial carnívoro do mundo, e tem um ciclo de vida de até cinco anos em seu habitat natural.


Reciclagem: Papel feito de fezes de marsupial vira atração na Austrália

As fezes dos wombats - um marsupial parente do coala e que só existe na Austrália - estão ajudando uma cidade industrial a combater os efeitos da crise global financeira.

A cidade, Burnie, no noroeste da Tasmânia, testemunhou o fechamento de vários postos de emprego, mas uma atividade local vai muito bem: a produção e venda do papel feito das fezes do animal e que se tornou um sucesso entre os turistas da área.

Nos últimos anos, a empresa Creative Paper vinha experimentando com papel feito a base de fezes de cangurus, mas sua popularidade foi ofuscada pelos produtos dos wombats - bichinhos peludos e gordinhos, um dos símbolos do país.

O gerente da Creative Paper, Darren Simpson, disse que o processo de manufatura pode ser bem desagradável.

"Quando estamos fervendo (as fezes), o cheiro é horrível, mas uma vez esterilizado e lavado propriamente, não sobra nenhum odor. Se tem qualquer cheiro, é um agradável cheiro orgânico", disse ele.

Ele acrescentou que foram os próprios turistas que sugeriram o uso das fezes dos wombats.

"Quando as pessoas vinham aqui e nós mostrávamos a elas as amostras de nossos papéis, elas faziam perguntas como: ‘você pode fazer o papel com fezes de coalas ou ovelhas?'. E o bicho que mais aparecia nas perguntas era o wombat."

Todo o papel é feito das fezes de apenas um wombat, chamado Nugget, que vive em um parque de vida selvagem perto de Cradle Mountain, um dos destinos turísticos mais populares da Tasmânia.

Todos os dias, as fezes de Nugget são coletadas e enviadas para a fábrica.

Os wombats são herbívoros e sua dieta cheia de fibras alimentares torna suas fezes ideais para fabricar um dos papéis mais incomuns da Austrália.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Especialista em desastres naturais da ONU critica o Brasil

Não há vontade política no Brasil para preparar o País para lidar com os desastres naturais. O alerta é de Debarati Guha-Sapir, uma das principais especialistas sobre desastres no mundo. Ela dirige o Centro de Pesquisa sobre a Epidemiologia dos Desastres, entidade que fornece à ONU os dados anuais sobre as vítimas no mundo e é o centro de referência hoje sobre o tema.

A ONU alerta que os desastres naturais cada vez mais devastadores são já alguns dos efeitos das mudanças climáticas, com o aumento de tormentas e eventos climáticos extremos. Em 2008, o número de vítimas foi um dos mais altos da história. No ano passado, o Brasil foi o 13º país mais afetado por desastres naturais. Pelo menos 2 milhões de pessoas foram afetadas pelos desastres, principalmente pelas chuvas. Só as chuvas em Santa Catarina em novembro atingiram 1,5 milhão de pessoas.
Segundo a especialista, a realidade é que as vítimas poderiam ter sido poupadas. "O Brasil tem dinheiro suficiente para lidar com o problema dos desastres naturais e há anos já poderia ter colocado em funcionamento um sistema de prevenção. Mas a grande realidade é que falta vontade política", afirmou a especialista, em uma conferência de imprensa na ONU para a apresentação dos novos números de vítimas de desastres naturais no planeta.

Ela cita o exemplo dos mortos em Santa Catarina em 2008, por causa das chuvas. "Isso poderia ter sido evitado há anos", afirmou, lembrando que o fenômeno na região sul não é novo. "Há anos o Brasil vive a mesma situação", atacou. 2008, segundo a ONU, registrou um dos maiores índices de mortes por desastres naturais na história. Foram 235 mil mortos e só ano do tsunami, em 2004, superou a marca, com 241 mil mortos.
No mundo, os mais afetados no ano passado foram os chineses, com 26 desastres e mais de 87 mil mortos. O ciclone Nargis, que atingiu Mianmar, deixou 138 mil mortos.
As perdas financeiras para o mundo chegam a US$ 181 bilhões. Em 2005, as perdas foram de US$ 214 bilhões. Na década, as perdas já chegam a US$ 835 bilhões. Tanto os números de mortos como as perdas econômicas em 2008 estiveram entre as mais altas já registradas. 211 milhões de pessoas no total foram afetadas no mundo. O impacto ficou bem acima da média da última década.
"O aumento dramático de perdas humanas e econômicas em 2008 por causa de desastres é alarmante", afirmou Salvano Briceno, diretor da divisão na ONU que se ocupa de formular uma estratégia para reduzir desastres. Para ele, um sistema de prevenção mais robusto em países emergentes poderia ter salvado vidas. (Fonte: Jamil Chade/ Estadão Online)

Dieta saudável pode ajudar a reduzir o consumo de energia e de alimentos nos EUA

Estudo constata que uma dieta saudável e um regresso à agricultura tradicional podem ajudar a reduzir o consumo de energia e de alimentos nos EUA.

Estima-se que 19 por cento do total da energia utilizada nos EUA é consumida na produção e distribuição de alimentos. A energia norte-americana é, majoritariamente, de origem fóssil, cada vez mais cara e escassa, além de ser a principal fonte de emissão de carbono nos Estados Unidos.
No estudo “Reducing energy inputs in the US food system“, publicado na revista Human Ecology, David Pimentel e seus colegas da Universidade de Cornell, em Nova York, apresentam uma série de estratégias que poderiam cortar o consumo de energia fóssil utilização na produção e distribuição de alimentos em 50 por cento .
O primeiro argumento é que as pessoas comam menos, especialmente considerando que o americano médio consome um número estimado de 3747 calorias por dia, contra um consumo recomendado de 1200-1500 calorias. A alimentação do americano médio, é, tradicionalmente, baseada em dietas com quantidades elevadas de produtos de origem animal e de alimentos processados, que, pela sua natureza, utilizam mais energia do que a necessária para a produção de alimentos, como a batata, arroz, frutas e legumes.
Só pela redução de consumo de produtos de origem animal já teria um enorme impacto sobre o consumo de combustível, bem resultaria na melhora da sua saúde.
Outras economias são possíveis na produção de alimentos. Os autores sugerem que se produzam no sentido mais tradicional, a agricultura biológica ou agroecológica, métodos mais convencionais, que demandam menos energia. A seleção de culturas mais eficientes também reduziria a utilização de adubos e pesticidas, aumentando da utilização de estrume e observando as rotações de cultura, para a melhoria da eficiência energética.
Por último, as alterações dos métodos de processamento de alimentos, embalagem e distribuição também poderão ajudar a reduzir o consumo de combustível. Um produto processado, do campo ao consumo, percorre uma média de 2400 km antes de ser consumido.
Este estudo defende veementemente que o consumidor está na posição central para uma redução da utilização de energia. Como indivíduos, ao abraçar um estilo de vida “ecológico” , com a tomada de consciência das suas escolhas alimentares, podemos influenciar os recursos energéticos. Para isto basta comprar produtos locais e evitar alimentos processados, embalados e de qualidade nutricional inferior. Isto levaria a um ambiente mais limpo e a uma saúde melhor.

Amizade colorida

Unidos por uma aliança de benefício mútuo, o peixe-palhaço e sua anêmona hospedeira são as joias da coroa dos recifes de coral.


Ao decidir fazer um filme de animação infantil ambientado no mar e fiel às "verdadeiras leis da natureza", Andrew Stanton tratou de procurar o peixe perfeito para ser seu personagem principal. Vasculhando livros de fotos da vida marinha, ele bateu os olhos numa imagem de dois peixes espiando de dentro de uma anêmona. "Fiquei impressionado", conta ele. "Não fazia a menor ideia de que tipo de peixe eram eles, mas não conseguia tirar os olhos deles." A imagem dos peixes em seu esconderijo natural captava com perfeição o mistério dos oceanos que ele desejava retratar. "E, já que o objetivo era entretenimento, o fato de serem chamados de peixes-palhaço não podia ser melhor! Quer coisa mais simpática do que esses peixinhos brincando de esconde-esconde com você?"

Assim nasceu uma estrela. Procurando Nemo, o filme da Pixar que Stanton escreveu e dirigiu, ganhou o Oscar de melhor filme de animação em 2003 e continua a ter um dos maiores faturamentos do cinema, com receitas que já superaram os 850 milhões de dólares. Nemo, um peixe-palhaço da espécie Amphiprion percula, apresentou às crianças do mundo um fabuloso sistema tropical: os recifes de coral e seus habitantes.

O peixe-palhaço deve seu nome às cores chamativas de seu corpo, em geral divididas por nítidas linhas brancas ou pretas, como a maquiagem de um palhaço de circo. Ver o dardejante vaivém de peixes-palhaço na touceira de tentáculos de uma anêmona é como ver borboletas esvoaçando em torno de um arbusto florido num prado arejado pela brisa: fascinante.

Vinte e nove espécies dele vivem em recifes do leste da África à Polinésia Francesa e do Japão ao leste da Austrália. A maior diversidade está concentrada na costa setentrional de Nova Guiné, no mar de Bismarck (em que é possível ver sete espécies em um único recife). Em uma viagem recente a Fiji, o pesquisador Gerald Allen descobriu a 29ª espécie, Amphiprion barberi. Foi a sétima que descobriu na vida, somando-se às quase 500 de peixes de coral já descritas por ele. "Ainda fico empolgado quando encontro algo novo", diz. "O A. barberi é um belíssimo palhaço laranja e vermelho, como uma brasa no recife."

Os cientistas e aquaristas também chamam o palhaço de peixe-da-anêmona, pois ele não pode sobreviver sem uma anêmona hospedeira, cujos tentáculos urticantes protegem o peixe e suas ovas dos intrusos. Das quase mil espécies de anêmona, apenas dez abrigam peixes-palhaço. Como eles evitam as ferroadas da anêmona é um mistério, mas uma camada de muco - que o peixe deve adquirir depois de tocar pela primeira vez nos tentáculos de uma anêmona - talvez lhes ofereça proteção. "É uma substância viscosa que inibe o disparo de células urticantes pela anêmona", explica Allen. "Se você observar um peixe-da-anêmona se aproximar de uma, verá que vai tocando nela bem de leve. Eles precisam fazer contato para desencadear o processo químico." Assim protegido, o palhaço torna-se, na prática, uma extensão da anêmona: uma camada adicional de defesa contra peixes comedores de anêmonas. O que é bom para o peixe-palhaço é bom para a anêmona. E vice-versa.

O palhaço passa a vida inteira com sua anêmona hospedeira e é raro que se afaste dela mais que alguns metros. Ele desova duas vezes por mês na superfície dura mais próxima, oculta pela base carnosa da anêmona, e protege agressivamente os embriões em desenvolvimento. Pouco depois de eclodir do ovo, ele deixa-se levar pela água até a superfície, onde permanece por uma ou duas semanas como uma minúscula larva transparente. Metamorfoseia-se então em um peixe com menos de 1 centímetro de comprimento e desce até o recife. Se o jovem não encontrar nenhuma anêmona e não se aclimatizar à nova vida em um ou dois dias, morrerá.

Dez ou mais peixes-palhaço da mesma espécie, de juvenis a adultos maduros com até 15 centímetros de comprimento, podem ocupar a mesma anêmona - Allen já viu até 30 espécimes de Stichodactyla haddoni. Eles comem plâncton, algas e criaturas minúsculas, como os copépodes. Na natureza, em que são predados por garoupas ou moreias, raramente vivem além de sete a dez anos, mas na segurança do cativeiro podem chegar a idades muito mais avançadas. Meu vizinho tem um Nemo de 25 anos ainda bem espertinho, que vinha morder meu dedo quando eu era menino e limpava seu aquário.

Nem todos os peixes-palhaço se tornam adultos sexualmente maduros. Existe uma hierarquia estrita entre os ocupantes de cada anêmona, que abriga apenas um par dominante por vez. A fêmea é a maior da "família", seguida pelo macho e pelos adolescentes. Um par maduro assegura sua dominância perseguindo os juvenis, estressando-os e reduzindo sua energia para procurar comida. "Especialmente no período da corte ocorrem muitas perseguições pelo par dominante", diz Allen. A fêmea, para lembrar ao macho quem é que manda, de vez em quando lhe aplica umas mordidas nas nadadeiras.

Receita para ressurreição

Trazer espécies extintas de volta à vida já não é mais fantasia científica. Mas é uma boa ideia?

Toda vez que emerge do permafrost siberiano nova carcaça de mamute-lanoso surge uma onda de especulação sobre a possibilidade de ressuscitar esses gigantes da Era Glacial. E pelo menos algumas das ferramentas necessárias para tornar realidade essa esperança já estão disponíveis. Em novembro de 2008, quando uma equipe liderada pelo biólogo japonês Teruhiko Wakayama anunciou ter conseguido clonar camundongos que haviam permanecido congelados por 16 anos, os cientistas consideraram que a mesma técnica poderia permitir a clonagem de mamutes e outras espécies preservadas no permafrost. Algumas semanas depois, voltou-se a falar de clonagem quando um grupo da Universidade Estadual da Pensilvânia, liderado por Webb Miller e Stephan C. Schuster, publicou 70% do genoma de mamutes, detalhando grande parte dos dados fundamentais que seriam necessários para recriá-los.
Todavia, como reconhece o próprio Poinar, essa especificação não é nada fácil. Os dois passos fundamentais requeridos na clonagem de um mamute, ou de qualquer animal extinto, são, primeiro, a recuperação da sequência completa do DNA - no caso de mamutes, estimada em mais de 4,5 bilhões de pares de base - e a expressão desses dados em carne e osso. O segundo passo para os cientistas é introduzir o DNA nos cromossomos - hoje eles nem sequer sabem quantos cromossomos tinha o mamute. Nenhuma dessas tarefas parece insuperável, sobretudo à luz de avanços técnicos recentes, como a nova geração de sequenciadores ultrarrápidos e uma técnica simples e barata para se extrair DNA do pelo de mamutes. "Agora é uma questão de tempo e dinheiro, e não mais de tecnologia", diz Schuster.

A transformação desses dados em um mamute-lanoso será uma proeza bem maior, ainda que acilitada um pouco pela existência de parentes vivos próximos, como o elefante-africano e o asiático. A equipe da Pensilvânia usou o genoma de elefante como guia para remontar as peças de DNA de mamute que conseguiram resgatar de amostras de pelo. Como esse DNA antigo se encontra ragmentado demais para ser usado na recriação de um organismo, uma solução para se obter material genético vivo de mamute seria modificar os cromossomos de elefante em cada um dos estimados 400 mil pontos em que eles diferem dos cromossomos de mamute - o que significa, na prática, alterar as células de elefante para que virem células de mamute. Caso os pesquisadores consigam descobrir de que modo o DNA de mamute se organizava em cromossomos, outra bordagem seria a sintetização de todo o genoma de mamute a partir do zero, embora até hoje o maior genoma já sintetizado seja mil vezes menor que o de mamute.

Assim que dispuserem de cromossomos de mamute funcionais, seria possível envolvê-los em uma membrana de modo a criar um núcleo celular artificial. Em seguida, os cientistas poderiam adotar a técnica aplicada na criação de Dolly, a ovelha clonada, em 1996, no Roslin Institute, na Escócia: o núcleo de óvulo de elefante é retirado e substituído por um núcleo de mamute reconstituído, e depois o óvulo é eletricamente estimulado para que seja iniciada a divisão celular e a formação do embrião, o qual mais tarde seria gestado no útero de uma fêmea de elefante. Cada uma dessas etapas é arcada por incertezas específicas. Ninguém sabe bem como produzir, por exemplo, um núcleo de mamute. A coleta de um óvulo de elefante é complicada, e nada se sabe sobre eventuais problemas na gestação de um feto de mamute no útero de um elefante.

Alguns cientistas decidiram enfrentar um desafio menor: o da clonagem de animais ameaçados de extinção ou extintos há pouco tempo. Tanto o Zoológico de San Diego como o Centro Audubon para Pesquisa de Espécies Ameaçadas, em Nova Orleans, mantêm "zoológicos congelados", nos quais o DNA de uma quantidade crescente de espécies ameaçadas é armazenado em tanques de nitrogênio líquido a uma temperatura de 196ºC negativos. Em 2003, cientistas da empresa Advanced Cell echnology usaram células armazenadas no zoo de San Diego para criar dois bantengs (Bos javanicus), uma espécie de boi do sudeste da Ásia, por meio da introdução do DNA de banteng em óvulos de vacas comuns, implantando os embriões resultantes no útero de vacas. Métodos similares estão sendo considerados para a clonagem de outras espécies ameaçadas, como o panda-gigante, o bongo (um antílope africano) e o tigre-de-sumatra. E a esperança dos cientistas é recriar espécies já extintas, como o ibex-dos-pireneus e o tilacino (ou lobo-da-tasmânia).

As questões mais controversas a respeito da clonagem estão mais no domínio da ética que no da técnica. "Os mamutes, tal como os elefantes, eram inteligentes e sociais", diz Adrian Lister, do Museu de História Natural de Londres. "A clonagem resultaria em um único animal, que iria viver sozinho em um zoológico ou laboratório - e não em seu hábitat original, que já não existe mais. Ou seja, estaríamos no fundo criando uma atração de circo." Tom Gilbert, uma autoridade em DNA antigo da Universidade de Copenhague, admite que, como estudioso desses animais, ele seria o primeiro a querer vê-los correndo dentro de um cercado. Mas Gilbert questiona tanto a utilidade como a conveniência de se clonar espécies extintas. "Se a gente consegue recriar um mamute, também pode fazer o mesmo com qualquer outra criatura morta, incluindo nossa avó. Mas, em um mundo ameaçado pelo aquecimento global e com recursos limitados, será que queremos trazer de volta nossas avós?"
Fonte: national Geographic