quarta-feira, 16 de junho de 2010

Com disfarces, insetos assustam predadores que não podem vencer

Pesquisadores descobriram centenas de espécies que exibem padrões  falsos de olhos e faces que imitam cobras, lagartos e outros animais  Foto: The New York Times

Pesquisadores descobriram centenas de espécies que exibem padrões falsos de olhos e faces que imitam cobras, lagartos e outros animais
Foto: The New York Times

Imagine que você seja um pássaro de 15 gramas de peso e cinco centímetros de altura que se alimenta de insetos, e que esteja ciscando em busca de alimento na penumbra da floresta tropical da Costa Rica. De repente, avista um par de olhos esbugalhados, e faz uma pausa momentânea para avaliar do que se trata.

Se aqueles olhos pertencessem a uma cobra, a curta pausa para estudo significaria que o pássaro teria virado jantar. Mas a face que ele está contemplando não é a de uma cobra, e sim a crisálida de uma borboleta xadrez. A semelhança pode parecer quase sobrenatural - mas, como os fatos indicam, o disfarce está longe de ser único.

Em determinada área da Costa Rica, uma equipe de pesquisadores comandada por Daniel Janzen e Winnie Hallwachs, da Universidade da Pensilvânia, e John Burns, do Museu Nacional Smithsonian de História Natural, descobriu centenas de espécies de mariposas e borboletas cujas lagartas ou crisálidas exibem padrões falsos de olhos e faces que imitam cobras, lagartos e outros animais.

Em estudo publicado esta semana pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences, os pesquisadores propõem que essa pletora de padrões falsificados tenha evoluído a fim de explorar o instinto inato dos pássaros a evitar possíveis predadores.

A ideia representa uma nova reviravolta nos estudos quanto ao bem conhecido fenômeno da imitação e camuflagem animal. Inicialmente descrito pelo estudioso britânico Henry Walter Bates na década de 1860, o conceito original sobre essa característica era o de que espécies inofensivas e que costumam servir de comida a agressores desenvolviam a capacidade de se proteger contra os predadores ao ganhar a aparência de outras espécies, de sabor nocivo ou desagradável.

Bates presumiu que para que esse mecanismo pudesse funcionar da maneira necessária, os potenciais predadores precisavam aprender que presas, em sua área de atuação, deveriam ser evitadas. E as potenciais presas -digamos, por exemplo, uma grande e colorida borboleta adulta - precisavam ganhar semelhança estreita com a espécie inedível que estão imitando. Mas quando surgem encontros mortíferos com outras espécies, pode não haver segunda chance, ou qualquer oportunidade de aprendizado.

Portanto, a seleção natural tenderia a favorecer o reconhecimento instantâneo e respostas rápidas e instintivas, em caso de encontros diretos com potenciais perigos. Criaturas inofensivas que tenham desenvolvido uma forma genérica de semelhança para com uma variedade qualquer de criaturas a serem evitadas (olhos, padrões de escama) ganhariam, com isso, alguma proteção.

Janzen e seus colegas catalogaram uma deliciosa variedade de padrões oculares notáveis e falsos, reproduzidos nas extremidades traseiras de lagartas e dianteiras de crisálidas.

Os resultados de seu trabalho e as avaliações que ele permitiu são produto de um estudo em longo prazo, mas iniciado um tanto ao acaso, quanto aos animais que ocupam a Area de Conservación Guanacaste, ou AGC, uma reserva natural no noroeste de 1978.

Tudo começou em 1978, quando Janzen quebrou algumas costelas ao cair em uma ravina enquanto conduzia estudos de campo na região. A estrada para o hospital era difícil demais para que pudesse percorrê-la com as suas fraturas, e por isso ele imobilizou a região afetada e se restringiu a uma cadeira no acampamento por um mês.

Já que não podia explorar a floresta tropical, o pesquisador não demorou muito a se irritar com a inatividade forçada. A estação de campo do projeto só contava com duas horas de eletricidade a cada noite, e a energia oferecida bastava apenas para acionar uma lâmpada de 25 watts. Felizmente para Janzen, 1978 foi um ano excelente para as mariposas, e a luz fraca da lâmpada as atraía em grande número. Por isso, ele decidiu dedicar a pausa forçada à criação de uma coleção de mariposas.

Quando se recuperou o bastante para retomar suas caminhadas pela floresta tropical, descobriu que o ano também era muito propício às lagartas. O desafio era identificar quais das múltiplas espécies diferentes de lagartas se referia a que espécie de mariposa ou borboleta. Agora aos 71 anos, Janzen me contou, da mesma estação de trabalho de campo 32 anos mais tarde, que "minha insanidade privada era a de identificar todas as espécies antes que eu morresse".

Para realizar esse objetivo, ele teve de estabelecer um sistema para a coleta de lagartas, sob o qual cada espécime era fotografado e se desenvolvia até a vida adulta sob observação, o que permitia identificar cada espécie - metade das quais não haviam sido descritas cientificamente até ali. Janzen deu início ao trabalho sozinho, mas logo recebeu a adesão de sua mulher, Hallwachs, cuja especialidade inicial eram os roedores mas passou a concentrar seu trabalho nas lagartas. A operação continua ativa até hoje, 365 dias por ano, com a ajuda de 33 assistentes costarriquenhos treinados.

Em uma área de 197 quilômetros quadrados, a equipe estudou mais de 450 mil lagartas. Até alguns poucos anos atrás, eles haviam conseguido identificar mais de 12 mil espécies. Nos últimos anos, o total disparou para 15 mil espécies, quando a equipe descobriu, por meio da tipificação de DNA, ou "código de barras genético", que muitas das espécies na verdade eram compostas por múltiplas espécies distintas - em um caso específico, 11 delas. O número total de espécies identificado apenas nessa região equivale ao total de espécies de mariposas e borboletas estimado para a América do Norte.

Com a chegada de lagartas e crisálidas à estação de campo em número superior a 100 ao dia, Janzen começou a discernir uma tendência. Nas espécies pertencentes a muitos grupos diferentes, ele via que lagartas e crisálidas portavam toda espécie de marcas em forma de olhos, em esquemas de cor variados, com pupilas redondas ou em fenda. A variedade de padrões sugeria que os insetos não precisam reproduzir exatamente a aparência de um predador específico, para que a artimanha funcione.

Além disso, os comportamentos distintos das muitas lagartas, quando manuseadas, sublinham que o objetivo básico do jogo era assustar as diversas espécies de pássaros devoradores de insetos que se alimentam nas florestas enevoadas da área de conservação. Alguns dos padrões oculares se tornam visíveis apenas quando as lagartas são incomodadas e se expandem por porções maiores de seus corpos, e alguns espécimes maiores rebolavam e deslizavam como cascaveis.

Janzen e seus colegas estimam que um pássaro típico em busca de alimentação na área deve encontrar dezenas de insetos que apresentam padrões oculares falsos a cada dia. É improvável que um pássaro que venha a encontrar espectro tão diversificado de padrões seja capaz e discernir que padrões específicos podem ser atacados de forma seguro e que padrões representam ameaça real, especialmente porque basta um erro para que ele termine devorado. O melhor, portanto, é ignorar os espécimes suspeitos e continuar à caça.

Por dois séculos, os naturalistas vêm tentando catalogar e compreender a deslumbrante diversidade da vida, especialmente na forma encontrada em regiões tropicais. E novas percepções importantes muitas vezes surgem da proposição de perguntas simples - por exemplo, "por que uma das pontas dessa pequena lagarta leva jeito de cobra?"

Mas a resposta a esse tipo de pergunta requer identificar muito mais criaturas, e compreender onde e de que maneira vivem. E isso, por sua vez, requer um tipo especial de ser humano, disposto a viver longe do conforto de casa e ávido por passar 32 anos contemplando 450 mil insetos.

Fonte: Portal Terra

Genética influencia na percepção dos níveis de sal da comida

Um novo estudo aponta que a genética faz com que algumas pessoas sintam menos o teor de sal de uma comida do que outras. A pesquisa foi feita na Faculdade de Ciências da Agricultura da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, e será publicada nesta quarta-feira na revista Physiology & Behavior.

Coordenado por John Hayes, o estudo envolveu 87 voluntários,sendo 45 homens e 42 mulheres, com idades entre 20 e 40 anos, saudáveis e não fumantes. Os participantes experimentaram produtos alimentícios com bastante sal, como batatas fritas e pretzels, durante algumas semanas.

A intensidade de gosto foi medida por meio de uma escala, cujos níveis variavam entre "pouco perceptível" a "mais forte sensação".

"A maioria das pessoas aprecia o gosto salgado. Entretanto, alguns consomem mais sal, ou porque gostam mais do que os outros ou porque, para eles, o sal é necessário para bloquear outros gostos não tão agradáveis nos alimentos", disse Hayes.

Segundo o cientista, uma pessoa que sente gosto com mais intensidade acha, por exemplo, pouco agradável um queijo com pouco teor de sal, por considerar muito evidenciado o caráter azedo do produto.

"As pessoas que experimentam gostos com mais intensidade consomem mais sal do que as demais. Produtos do tipo snacks têm como seu principal atrativo o fato de serem salgados e, para essas pessoas, quanto mais sal melhor. Tais produtos parecem ser mais apreciados por aqueles que sentem gostos com mais intensidade", indicou.

Hayes afirma que variações no gosto são tão comuns quanto diferenças na cor do cabelo ou dos olhos, por exemplo. Atualmente, o norte-americano consome em média entre duas e três vezes a quantidade de sal diária recomendada por especialistas em saúde.

Os autores do estudo consideram os resultados importantes uma vez que esforços recentes para reduzir a quantidade de sal nos alimentos têm mostrado que muita gente prefere os alimentos tradicionais aos com menos sal, por julgá-los menos saborosos.

Dietas com presença elevada de sal, porém, aumentam o risco de desenvolver problemas como pressão alta. Isso tem levado empresas do setor alimentício a trabalhar em conjunto com especialistas em saúde no sentido de produzir alimentos que tenham menos sal, mas que sejam considerados saborosos e tenham a aprovação dos consumidores.

As informações são da Agência Fapesp

Genes tibetanos dão mais resistência à altitude

Estudo mostra que habitantes do Tecto do Mundo desenvolvem mais glóbulos vermelhos


Povo tibetano adaptou-se à altitude elevada
Povo tibetano adaptou-se à altitude elevada
Viver a 4500 metros acima do nível do mar não é precisamente o que está projectado para o corpo humano. A esta altitude, a pressão do oxigénio é tão baixa que a quantidade que chega aos pulmões não é suficiente para o organismo, excepto para aqueles que estão habituados a esse ambiente.
Há vários povos que vivem em regiões de grande altitude, como os andinos ou as tribos das montanhas etíopes. Os habitantes do planalto tibetano têm traços fisiológicos únicos, resultado de séculos de evolução a viver em condições extremas.
Há mais de dez mil anos que habitam a região,conhecida como o Tecto do Mundo, e a selecção natural tornou estes indígenas numa ‘raça’ especial.
Para além de não sofrerem as alterações fisiológicas que qualquer outro ser humano tem de passar para ambientar-se a alturas elevadas, o sangue deste povo contém menos oxigénio, menos hemoglobina e uma quantidade normal de glóbulos vermelhos.
Como resultado da adaptação do organismo à região, os tibetanos não demonstram vasoconstrição pulmonar com a falta de oxigénio e mantêm um metabolismo aeróbio normal.
Segredo escondido nos genes
A única explicação possível para esta adaptação genuína esconde-se nos genes, garante um estudo, realizado por investigadores das Universidade de Utah (nos Estados Unidos) e de Qinghai (na China), publicado na Science.
O primeiro passo foi criar uma lista de possíveis genes relacionados com esta particular fisiologia. No total, seleccionaram 247 implicados no processamento do oxigénio e de outras características que pudessem explicar a capacidade dos tibetanos viverem com normalidade a uma altitude tão elevada.
De seguida, os investigadores analisaram o DNA de 75 habitantes de uma aldeia situada a 4487 metros de altitude e compararam os genes dos tibetano com de cidadãos chineses e japoneses residentes em níveis inferiores.
Mais glóbulos vermelhos
Lynn Jorde
Lynn Jorde
Lynn Jorde, chefe do departamento do Departamento de Genética Humana da Universidade de Utah, garante que “pela primeira vez temos genes que explicam esta adaptação”.
As análises desmascararam algumas diferentes em dez genes relacionados, entre outros dados, com a hemoglobina.
“O que é único nos tibetanos é que desenvolveram mais glóbulos vermelhos”, explica Josef Prchal, professor de Medicina Interna da mesma universidade americana, que acrescenta: “Se formos capazes de entender como isto se processa, podemos desenvolver tratamentos para algumas doenças”, como o edema pulmonar e cerebral ou os distúrbios relacionados com a falta de oxigénio.

Veneno do caracol do mar é um potente analgésico

Caracol  do mar produz conjunto de péptidos muito eficaz no combate à dor
Caracol do mar produz conjunto de péptidos muito eficaz no combate à dor

Conotoxina é cem vezes mais potente do que os actuais fármacos para combater a dor

O veneno do caracol do mar pode ser o novo tratamento para a dor crónica, segundo um novo estudo da Universidade de Queensland, na Austrália, publicado no Angewandte Chemie.
Os tratamentos actuais para a dor neuropática são normalmente à base de morfina, composto altamente viciante e gabapentina, que reagem nos receptores nervosos.
O veneno do caracol marinho já tinha sido sugerido como uma possível alternativa aos fármacos actuais, já que é rico numa mistura de péptidos conhecidos por conotoxinas.
Estes péptidos bloqueiam a condução nervosa nas presas do caracol, mas nos mamíferos apenas agem como analgésicos eficazes.
O único fármaco derivado da conotoxina aprovado para ser utilizado em humanos é a ziconotida.

David J. Craik, investigador
David J. Craik, investigador
No entanto, este medicamento é susceptível a quebras de enzimas na saliva e no intestino. A ziconotida é aplicada através de uma bomba inserida cirurgicamente na parede abdominal, tornando o tratamento invasivo e caro.

Para resolver este problema, David Craik e a equipa da universidade australiana desenolveram o primeiro medicamento de conotoxina activa por via oral.

A investigação começou a partir de uma versão sintética de conotoxina. As enzimas quebram a toxina normalmente pelas pontas da molécula e, para evitar esse problema, os cientistas uniram duas pontas da conotoxina, criando uma estrutura molecular circular.

Nesta nova versão, a molécula mostrou-se resistente às enzimas.

Dose pequena, efeito grandioso
Posteriormente, Craik testou estes péptidos em ratos com dor neuropática e descobriu que uma única dose oral reduziu significativamente a dor. A conotoxina foi considerada cem vezes mais potente quando comparada com a gabapentina.
Estes péptidos, que se encontram no veneno do caracol marinho, são tão poderosos que mesmo as doses pequenas são suficientes para se sentir o efeito sem riscos secundários, garante Craik.
Os investigadores australianos já pediram a autorização à FDA (agência norte-americana responsável pela regulação dos fármacos e alimentos) para realizarem testes em humanos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Linkage

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