O Brasil lidera a produção mundial de cana-de-açúcar, e São Paulo está no topo da lista do ranking nacional. No interior do Estado, em uma região famosa pela vasta área de plantações de cana, foi instalada uma planta piloto onde a cana está sendo transforma não em açúcar ou em álcool, mas em plástico.
O projeto, que recebeu investimentos de R$ 30 milhões, já produz 60 toneladas de filme biodegradável por ano, na maior parte exportado para os Estados Unidos, Japão e Alemanha. Conforme Sylvio Ortega, diretor-executivo da unidade, em 2010 uma planta comercial deve entrar em operação na mesma usina, com capacidade para produzir 10 mil toneladas de bioplástico por ano.
Ortega explica o processo:
– A cana-de-açúcar é transformada em açúcar. Depois este açúcar é fornecido a uma bactéria natural que come este açúcar, que fica dentro da célula, fica interno. Quando a bactéria não consegue aumentar mais de tamanho, ela é é inativada e entra no processo um solvente natural, que também é feito na usina. Ele remove o polímero, que é o plástico biodegradável que se forma dentro dessa bactéria. A parte morta da bactéria é matéria orgânica e retorna à lavoura como adubo orgânico, e o polímero é transformado em produtos plásticos.
O biolplástico sai de uma máquina extratora com a aparência de um pó branco. Ele pode ser solidificado, cortado e ganhar diversas cores, dando origem a produtos plásticos com várias formas e níveis de flexibilidade. Algumas peças já estão sendo utilizadas até mesmo na medicina veterinária.
– De uso veterinário já está sendo feito um liberador gradual de progesterona, que é um produto que libera hormônio para o gado, no caso para as fêmeas. Depois de introduzido na fêmea por um período de 10 dias a peça é retirada e é feita a inseminação do gado. Nós temos patentes protegendo o desenvolvimento desse produto principalmente pelo fato de ele ser biodegradável e compostável – ressalta Ortega.
Do ponto de vista ambiental as vantagens são inúmeras.
– Quando a gente fala de plásticos normais, esses plásticos são feitos normalmente com produtos oriundos do petróleo. Esses plásticos lançam na atmosfera gases que contribuem para o aquecimento global. E o nosso produto, ele retira gases que contribuem para o aquecimento global. Os outros plásticos também consomem energia que não são de fonte renovável. Nosso plástico consome energia que sempre vem de fonte renovável.
Quanto à resistência e durabilidade, as propriedades deste plástico são semelhantes às do polipropileno, o plástico mais convencional existente no mercado.
Os produtos ecologicamente corretos têm mercado garantido fora do Brasil, e atualmente quase tudo o que é produzido no país segue para os Estados Unidos, Japão e Alemanha. Mas Sylvio acredita que o cenário nacional deve mudar nos próximos anos. Apostando nisso, em 2010 deve começar a funcionar uma planta comercial com capacidade para produzir 10 mil toneladas por ano de bioplástico de cana.
– A preservação ambiental é uma demanda da sociedade. Então quando a gente olha produtos que demandam preservação ambiental, a gente olha o mercado consumidor optando por essas alternativas, visando a preservação da próxima geração – destada Ortega.
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