Na China, pele do animal pode valer até US$ 20 mil no mercado negro.
Conservacionistas pedem 'vontade política'.
"Se a conservação dos tigres continuar sendo tratada como vem sendo até agora, a população de tigres estará fadada à extinção nos próximos 15 a 20 anos"
Os tigres que vivem livres na natureza podem ser extintos em todo o mundo dentro de duas décadas, a não ser que sejam intensificados os esforços de conservação para frear o declínio de sua população, disseram especialistas em vida selvagem nesta quarta-feira (28).
Estima-se que hoje existam apenas 3.500 tigres vivendo livres em 12 países asiáticos e na Rússia, contra cerca de 100 mil há um século.
Os tigres vêm sendo caçados ilegalmente para a extração de partes de seus corpos. A Ásia está no centro de um comércio ilegal de animais selvagens que a organização policial internacional Interpol estima possa movimentar mais de US$ 20 bilhões por ano.
As peles dos tigres são vendidas no mercado negro para servir de tapetes ou capas. Em países como a China, uma pele de tigre pode valer até US$ 20 mil no mercado negro.
Havia 100 mil tigres há 100 anos; agora, não passariam de 3,5 mil
De acordo com conservacionistas, outros perigos enfrentados pelo chamado "patrimônio asiático" que é o tigre são a destruição de seus hábitats e a redução da base de presas das quais eles se alimentam.
"Se a conservação dos tigres continuar sendo tratada como vem sendo até agora, a população de tigres estará fadada à extinção nos próximos 15 a 20 anos", disse Mahendra Shrestha, diretor de programas do Fundo Salvar os Tigres, de Washington. Ele participou de uma conferência sobre a conservação de tigres.
Hábitat dos tigres foi reduzido em 40% na última década
Shrestha disse que uma ação policial, patrulhas para combater a caça ilegal e a preservação dos hábitats ainda remanescentes podem melhorar a situação. "Existe esperança. Podemos fazer isso. Não se trata de ciência de vanguarda. Não é algo que exija muitas novas atividades", disse Shrestha. "Mas é preciso uma vontade política forte de conservar os tigres, e também apoio internacional forte para as atividades dos países em que vivem tigres."
Ainda há tigres vivendo em liberdade em Bangladesh, Butão, Camboja, China, Índia, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Nepal, Rússia, Tailândia e Vietnã.
John Seidensticker, cientista chefe do Centro de Ecologia da Conservação do Zoológico Nacional Smithsonian, disse que o hábitat dos tigres foi reduzido em 40% na última década, por causa da destruição das florestas.
"Nosso desafio é fazer as paisagens com tigres vivos valerem mais que aquelas em que os tigres foram mortos", disse Seidensticker. "Acho que temos uma década para evitarmos a morte dos tigres."
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