domingo, 14 de março de 2010

Teoria de Darwin pode ser mais complexa do que se pensava

Investigadores portugueses descobrem variação genética que pode ajudar a tratar a malária

Estudo pode ajudar a tratar a malária
Estudo pode ajudar a tratar a malária
Investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa descobriram um processo evolutivo que vai permitir perceber melhor os agentes causadores de doenças como a malária ou a doença do sono e ajudar a combatê-los.

A descoberta, produto de três anos de trabalho de Paula Gonçalves e José Paulo Sampaio, investigadores do Centro de Recursos Microbiológicos, em parceira com investigadores norte-americanos, foi publicada esta quinta feira na revista Nature.
Os investigadores explicaram à Lusa que “este trabalho demonstra que a selecção natural das espécies - teorizada por Charles Darwin há 150 anos - consegue actuar de forma muito mais complexa do que o que se supunha”.

E clarificaram: “De um modo geral, os organismos que pertencem à mesma espécie têm um património genético idêntico. Isto é válido para todas as espécies e acontece porque a selecção natural favorece normalmente uma única versão de cada gene”.

Até agora, acrescentaram, “as diferenças entre indivíduos da mesma espécie tinham sido detectadas apenas para uma região delimitada do genoma”.

Com este estudo, que foi feito comparando duas populações de microrganismos - leveduras muito semelhantes, por exemplo, à do fermento de padeiro - que vivem na casca do carvalho português e japonês, encontrou-se uma diferença nunca vista entre indivíduos da mesma espécie.

Charles  Darwin, o evolucionista
Charles Darwin, o evolucionista
“É uma diferença muito marcante: envolve seis genes localizados em cinco cromossomas diferentes”
, dizem.

“Aquilo que vamos tentar perceber agora”, explicam, “é por que é que, sendo os nichos ecológicos das populações de leveduras do Japão e de Portugal idênticos, e as populações da mesma espécie, a sua diferença genética é tão marcada”.

Variações genéticas

Os investigadores explicam que, para o caso, não interessa se se trata de plantas, animais, ou pessoas: “Interessa apenas que são da mesma espécie: em biologia as leis que afectam uns afectam outros”.

Assim sendo, e como até à data ainda não se tinha descoberto uma diferença tão complexa entre indivíduos que se cruzam sexualmente, os investigadores supõem que ela possa existir noutros organismos.

“Estão aqui em causa as variações genéticas dos micróbios, que se relacionam com a sua maior ou menor capacidade de nos atacar, modificando-se, adaptando-se”, ilustram.

Cientistas da FCT UNL fizeram parte do estudo
Cientistas da FCT UNL fizeram parte do estudo
Paula Gonçalves e José Paulo Sampaio esperam, por isso, que esta descoberta possa abrir caminho para perceber melhor as variações genéticas e capacidade de adaptação de agentes patogénicos para o Homem - como é o caso dos agentes causadores da malária ou da doença do sono - e possa contribuir para o combate a estas doenças.

“Conhecendo os seus mecanismos estamos mais bem equipados para combatê-las”, concluem.

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