quarta-feira, 16 de junho de 2010

Genes tibetanos dão mais resistência à altitude

Estudo mostra que habitantes do Tecto do Mundo desenvolvem mais glóbulos vermelhos


Povo tibetano adaptou-se à altitude elevada
Povo tibetano adaptou-se à altitude elevada
Viver a 4500 metros acima do nível do mar não é precisamente o que está projectado para o corpo humano. A esta altitude, a pressão do oxigénio é tão baixa que a quantidade que chega aos pulmões não é suficiente para o organismo, excepto para aqueles que estão habituados a esse ambiente.
Há vários povos que vivem em regiões de grande altitude, como os andinos ou as tribos das montanhas etíopes. Os habitantes do planalto tibetano têm traços fisiológicos únicos, resultado de séculos de evolução a viver em condições extremas.
Há mais de dez mil anos que habitam a região,conhecida como o Tecto do Mundo, e a selecção natural tornou estes indígenas numa ‘raça’ especial.
Para além de não sofrerem as alterações fisiológicas que qualquer outro ser humano tem de passar para ambientar-se a alturas elevadas, o sangue deste povo contém menos oxigénio, menos hemoglobina e uma quantidade normal de glóbulos vermelhos.
Como resultado da adaptação do organismo à região, os tibetanos não demonstram vasoconstrição pulmonar com a falta de oxigénio e mantêm um metabolismo aeróbio normal.
Segredo escondido nos genes
A única explicação possível para esta adaptação genuína esconde-se nos genes, garante um estudo, realizado por investigadores das Universidade de Utah (nos Estados Unidos) e de Qinghai (na China), publicado na Science.
O primeiro passo foi criar uma lista de possíveis genes relacionados com esta particular fisiologia. No total, seleccionaram 247 implicados no processamento do oxigénio e de outras características que pudessem explicar a capacidade dos tibetanos viverem com normalidade a uma altitude tão elevada.
De seguida, os investigadores analisaram o DNA de 75 habitantes de uma aldeia situada a 4487 metros de altitude e compararam os genes dos tibetano com de cidadãos chineses e japoneses residentes em níveis inferiores.
Mais glóbulos vermelhos
Lynn Jorde
Lynn Jorde
Lynn Jorde, chefe do departamento do Departamento de Genética Humana da Universidade de Utah, garante que “pela primeira vez temos genes que explicam esta adaptação”.
As análises desmascararam algumas diferentes em dez genes relacionados, entre outros dados, com a hemoglobina.
“O que é único nos tibetanos é que desenvolveram mais glóbulos vermelhos”, explica Josef Prchal, professor de Medicina Interna da mesma universidade americana, que acrescenta: “Se formos capazes de entender como isto se processa, podemos desenvolver tratamentos para algumas doenças”, como o edema pulmonar e cerebral ou os distúrbios relacionados com a falta de oxigénio.

0 comentários: