sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

DNA para aplicação em “janelas inteligentes”

Gulbenkian distingue química da UMinho
Luísa Cidália Rodrigues, doutoranda do Departamento de Química da Escola de Ciências da Universidade do Minho, é distinguida hoje, em Lisboa, como uma das vencedoras do Programa de Estímulo à Investigação 2010, da Fundação Calouste Gulbenkian. O projecto estuda como alterar a coloração de janelas ou superfícies, que é um sonho de arquitectos e construtores de automóveis ao longo de anos, visando melhorar o conforto e a eficiência energética. Já estão a ser comercializadas algumas aplicações do género, como espelhos interiores anti-encandeamento, tectos de abrir de veículos ou janelas de aviões e helicópteros.

A investigadora propõe a preparação e caracterização de membranas condutoras à base de DNA para aplicação em “janelas inteligentes” (ou electrocrómicas), as quais permitem controlar a luminosidade em resposta a um estimulo eléctrico, controlando assim a transmissão ou reflexão da luz visível e da energia solar.
A pesquisa sobre macromoléculas de DNA verificará a possibilidade de obter um material com propriedades de condução, o que no futuro, além de possibilitar a eventual aplicação em dispositivos electrocrómicos, poderá ser usado em dispositivos biomoleculares.

A descoberta recente de que o DNA pode conduzir uma corrente eléctrica tornou-o num forte candidato para o desempenho de papéis para os quais a natureza não tinha intenção. Em particular, poderá ser útil na nanotecnologia para a criação de circuitos eléctricos, ajudando a superar as limitações que os elementos clássicos à base de silício irão enfrentar.

A electrónica à base de DNA é altamente interdisciplinar, fundindo física, biologia, química, ciências informáticas e engenharia civil. O uso de moléculas individuais de DNA poderá levar a obter uma nova gama de dispositivos electrónicos muito menores, mais rápidos e energeticamente mais eficientes. Este interesse pelos polímeros naturais deve-se, em grande parte, ao empobrecimento das fontes de matérias-primas finitas, como o petróleo ou o gás natural, e à contribuição para diminuir a emissão de gases e o efeito de estufa.

O Prémio «Estímulo à Investigação», que atribui 2.500 euros ao investigador distinguido e dez mil à sua instituição, visa estimular a criatividade e a qualidade na actividade dos jovens cientistas. Luísa C. Rodrigues iniciou o seu trabalho com uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia, entre 2006 e 2008. Recebeu depois uma bolsa de doutoramento, ainda a decorrer e sob orientação da professora Maria Manuela Silva, do Departamento de Química da UMinho.

A sua investigação foi alvo de diversas comunicações internacionais, artigos em revistas da especialidade e um prémio na 3ª Conferência Mundial de Materiais Funcionais & Dispositivos, na Malásia.

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