Até agora eram conhecidos três formas biológicas de se produzir oxigênio: a fotossíntese e outros dois regimes em que as células produzem oxigênio, normalmente para o seu próprio uso interno, recorrendo a enzimas que quebram substâncias que contenham oxigênio, como os cloratos.Cientistas decifraram a sequência genética completa da Methylomirabilis oxyfera
Porém, recentemente foi descoberta uma bactéria capaz de produzir oxigênio através de um novo truque metabólico que lhe permite consumir o metano encontrado em sedimentos pobres em oxigênio, anuncia a “Science”.
Esta nova via proporciona outras possibilidades para a compreensão de como e onde o oxigénio pode ser criado, sendo que, de acordo com Ronald Oremland, um geomicrobiologista americano que não está envolvido neste estudo, estes resultados poderão mesmo ter implicações na criação de oxigênio noutras partes do sistema solar.
Katharina Ettwig, microbiologista da Radboud University Nijmegen (Holanda), e a sua equipe estudaram bactérias localizadas em sedimentos pobres em oxigênio, retirados de canais e valas de drenagem perto de zonas agrícolas na Holanda. Descobriram assim que, em alguns casos, estes organismos, que foram apelidados de Methylomirabilis oxyfera, conseguiam consumir metano, um processo que requer oxigênio, apesar da escassez deste elemento químico no seu ambiente.
A Methylomirabilis oxyfera consegue sobreviver na lama, um ambiente inóspito para outras bactérias que consomem metano |
O próximo passo que estes cientistas pretendem dar é isolar a enzima ou as enzimas que possibilitam a produção de oxigênio e explicar o seu funcionamento, pois ao produzirem o seu próprio oxigênio, as bactérias podem tirar proveito de um método de energia muito mais eficiente ao consumir metano, pelo que podem crescer e proliferar mais rapidamente.
Não é claro ainda se esta nova forma de produção de oxigénio é uma adaptação biológica recente ou se é antiga e surgiu quando a atmosfera da Terra era rica em metano e pobre em oxigénio.
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