sexta-feira, 6 de maio de 2011

Tilacino era mais tigre do que lobo

Espécie conhecida como lobo-da-tasmânia e tigre-da-tasmânia extinguiu-se em 1936
O tilacino (Thylacinus cynocephalus), lobo-da-tasmânia ou tigre-da-tasmânia, extinto na década de 30 do século passado, era uma criatura enigmática. O maior marsupial carnívoro que chegou ao século XX, último sobrevivente da família Thylacinidae , nativo da Austrália e Nova Guiné, foi sempre difícil de definir biologicamente.

Agora, cientistas da Universidade de Brown (Providence, Estado Unidos) levaram a cabo um estudo sobre os ossos desta espécie para tentarem perceber o que era, então, o tilacino. Ao compararem este com 31 mamíferos, chegaram à conclusão que o nome mais correcto para o animal será tigre-da-tasmânia e não lobo, pois tem mais características de gato do que de cão. O artigo está publicado na revista «Biology Letters».

O estudo revela que o animal era um predador solitário e caçava através de emboscadas. Os lobos e outros canídeos caçam em colectivo e geralmente perseguem as presas a uma certa distância. “O tilacino não era um predador de perseguição”, afirma Borja Figueirido, citado pelo jornal espanhol «ABC», investigador de pós-doutoramento na Universidade de Brown e autor principal do artigo. Apesar de não haver dúvidas de que a sua dieta fosse semelhante à dos lobos modernos, não foi encontrada qualquer evidência de que caçasse da mesma forma.

Durante milhares de anos, o Thylacinus cynocephalus ocupou a Austrália. O seu número foi-se reduzindo quando os seres humanos se estabeleceram lá, há 40 mil anos. E diminuiu ainda com mais rapidez quando o dingo (Canis lupus dingo), uma sub-espécie de lobo, foi introduzida, há 4000 anos. O último tilacino que se conheceu morreu no jardim zoológico de Hobart ( Tasmânia), em 1936.

A actividade humana naquele continente terá perturbado o habitat do marsupial mas não se sabe bem que efeito teve a introdução dos dingos. Tradicionalmente, os cientistas consideravam que os dingos eram “primos” afastados do tilacino, que tinham evoluído isoladamente para espécies diferentes.

Essa explicação é também posta em causa com este estudo. Os investigadores compararam o animal com cães, gatos, pumas, panteras, chacais, lobos, hienas e diabos-da-tasmânia, este último o maior marsupial carnívoro vivo. As articulações das patas sugerem que o animal era flexível e teria destreza no manejo das presas e para a perseguição em altas velocidades das mesmas.

Examinando os ossos, descobriu-se que o úmero, osso das patas dianteiras, era oval e alongado no extremo mais próximo da articulação, o que implica que os ossos rádio e cúbita estivessem separados. O tigre-da-tasmânia seria assim capaz de rodar a sua pata, tal como fazem os gatos.

Artigo: The predatory behaviour of the thylacine: Tasmanian tiger or marsupial wolf?

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